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quarta-feira, 24 de abril de 2024

Cratera criada por meteorito poderá virar parque nacional

2007-04-21 15:44:00

A maior cratera da América do Sul e uma das maiores do mundo está localizada em Mato Grosso e deve se tornar o mais novo parque nacional. Foi formada por um choque entre o planeta Terra e um meteorito entre 242 e 248 milhões de anos atrás, no intervalo dos períodos Permiano e Triássico, antes do surgimento dos dinossauros. As marcas do desastre formaram uma das áreas mais belas no Sudeste do Estado, entre os municípios de Araguainha, Ponte Branca e Alto Araguaia, já na divisa com Goiás (cerca de 450 km de Cuiabá)


A cratera é formada por um núcleo de 40 km de diâmetro, onde o meteorito caiu e formou dois grandes anéis de rochas fundidas e contorcidas, que totalizam aproximadamente 1,300 mil quilômetros quadrados. Essa deverá ser a área onde o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) pretende criar ainda este ano uma nova Unidade de Conservação (UC).
Segundo técnicos do órgão que estão à frente dos estudos no local, o "Domo de Araguainha", como é conhecido internacionalmente, deverá ser considerado oficialmente o primeiro monumento natural do Brasil.


Desde 1964, geólogos da Alemanha, França, Japão e Estados Unidos visitam a região de Araguainha investigando que fenômenos de grandes proporções teriam causado tantos transtornos geológicos naquele lugar. No início, os geólogos acreditavam que a área teria sofrido grandes atividades vulcânicas mas, a partir de 1973, os americanos Dietz e French apresentaram a hipótese de que a formação do domo teria sido causada por um impacto de corpo celeste de grandes dimensões contra a superfície da Terra.



Antes disso, em 1970, técnicos da Petrobrás identificaram que as camadas de rochas sedimentares da Bacia do Paraná, situadas na região, estavam arqueadas devido a ascensão de um núcleo de granito que hoje aparece no centro da cratera e apelidaram o local de Domo de Araguainha. Mas ainda não havia provas de que naquele lugar a terra sofrera um grande impacto por queda de uma meteorito.


Em 1978, o professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Álvaro Crósta chegou à região e iniciou suas pesquisas de mestrado junto ao Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e, pela primeira vez, conseguiu provas de que ali teria havido um dos maiores choques que o planeta teve com um meteorito. "Essa estrutura era, até então, tida como de origem ígnea (da natureza) e graças aos resultados que obtive nessa pesquisa ficou demonstrada a origem por impacto", diz. Foram usados mapeamentos geológicos, análises petrográficas de amostras de embasamentos graníticos e das brechas nas rochas da Formação Furnas.


Uma outra forte evidência é a ocorrência de rochas com formações de shatter cones de arenito, como se fossem estrias nas pedras. Crósta diz que os estudos continuam na região, pois existem sinais de fenômenos geológicos combinados e posteriores ao choque, como os vulcânicos, e que tempos depois teria separado os continentes. O pesquisador não parou mais de estudar o domo. Tem doutorado na Inglaterra e atualmente é professor titular de Geologia da Unicamp e também diretor do Instituto de Geociências da universidade.


O meteorito que caiu na região de Araguainha tinha entre 2 km a 2,5 km de diâmetro. Mesmo sendo brecado pela atmosfera, bateu no solo a uma velocidade de 60 mil km/h, um impacto equivalente à intensidade de 1 milhão de bombas nucleares. Abriu-se uma cratera enorme que pode ter chegado a 7 km de profundidade, lançando material rochoso (fragmentos de rochas, rochas fundidas e poeira) a dezenas de quilômetros de altitude, alcançando a atmosfera da Terra e fora do planeta. A poeira pairou por cerca de 2 meses.


Segundo o professor, o choque pode ter sido um dos motivos damaior extinção de vida na Terra ocorrida há 250 milhões de anos e que dizimou cerca de 70% de todas as formas de vida. "Naquela época, a região certamente era uma plataforma marinha rasa, pois existem muitas evidências de tipos de sedimentos com fósseis marinhos", diz. Mas dificil mesmo é identificar amostras do meteorito, pois os estragos no solo e as formações geológicas que surgiram logo em seguida ao choque foram erodindo com o tempo. "É uma cratera antiga portanto difícil de recuperar vestígios. A cratera formada já não tem mais de 1 quilômetro de profundidade", comenta o cientista.


Como o material rochoso subiu como se fosse larva vulcânica e foi jogado para fora, sedimentou-se como se fosse uma cúpula ou um prato fundo virado para baixo. Por isso leva o nome de domo. 

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