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quinta-feira, 25 de abril de 2024

China busca por soja brasileira

2007-04-09 00:12:00

Por mais de dois mil anos, os chineses transformaram grãos de soja em tofu, um item básico da dieta do país. Mas conforme a economia cresce, também aumenta o apetite da China por carne de porco, frango e vaca, produção que requer mais soja para servir de alimento aos animais. Sofrendo com um suprimento de água escasso, a China tem se voltado para um novo parceiro comercial a cerca de 24 mil quilômetros de distância – o Brasil – para fornecer ao país os grãos cheios de proteína essenciais para uma dieta mais rica.

A busca global da China por recursos naturais está levando a uma transformação do comércio agrícola ao redor do mundo. O desaparecimento de plantações e a diminuição dos recursos hídricos estão destruindo a habilidade chinesa de se auto-sustentar. Além disso, o aumento do uso da terra nos Estados Unidos para produzir biocombustíveis como o etanol está levando a China a buscar seus suprimentos agrícolas na América do Sul, onde a terra ainda é barata e abundante.

"A China está por aí, derrubando as matas”, disse Robert L. Thompson, professor da Universidade de Illinois que já foi diretor de desenvolvimento agrícola e rural para o Banco Mundial. O objetivo, diz ele, é “assegurar que eles tenham acesso a contratos de longo termo para minérios, energia e

Até certo ponto, os brasileiros têm desapontado no cumprimento do acordo. Os chineses têm se deparado com restrições no Brasil e estão hesitantes em esperar pelas novas leis brasileiras para incentivar investimentos híbridos públicos e privados. “Muito pouco aconteceu”, diz Pedro de Camargo Neto, ex-funcionário do Ministério da Agricultura que agora é consultor de agronegócio.

Mas a China continuou seu processo de compras no Brasil. O comércio de soja entre os dois países explodiu. No ano passado, o Brasil enviou quase 11 milhões de toneladas de grãos para a China, um aumento de 50% em relação ao ano anterior e quase o dobro da quantidade exportada em 2004. Números prévios indicam que o Brasil produziu uma nova safra recorde e os analistas esperam que a China deva devorar a maior parte desse aumento.

Enquanto os Estados Unidos continuam como o maior produtor de grãos de soja, no ano passado o Brasil se tornou o maior exportador. Este ano os Estados Unidos vão recuperar o título, mas as exportações de soja pelos EUA devem cair 23% até o ano agrícola de 2009-2010, de acordo com o Departamento de Agricultura.

Apesar de todos os ganhos no setor, o aumento das exportações para a China criou um desconforto entre muitos em relação à agricultura brasileira, que se preocupam com o fato de que o crescimento das exportações irá acelerar um modelo de desenvolvimento no qual o Brasil fica dependente demais da venda de materiais brutos em vez de produtos com valor mais alto. E depois de gozar de um aumento no comércio com a China por um longo tempo, o comércio com o país caiu no déficit no último trimestre com o aumento do envio de bens manufaturados da China.


O desafio de garantir o fornecimento para a China já está mostrando os primeiros sinais de extenuação. O boom da soja tornou-se um fracasso nos últimos dois anos para muitos fazendeiros no Mato Grosso, que produz mais de um terço dos grãos do país.

Próximo a Rondonópolis, Rogério Salles assistiu recentemente as máquinas colherem os últimos grãos de soja em sua fazenda de 17.500 acres cercada por eucaliptos e seringueiras. “Só porque estamos produzindo uma grande quantidade de grãos aqui, não significa que estamos tendo lucro”, diz ele.

A moeda brasileira forte e um sistema de transporte difícil conspiram contra muitos fazendeiros de Mato Grosso. A maior parte dos grãos é enviada em caminhões para o sul através de mais de 1.600 quilômetros de estradas não duplicadas e cheias de buracos. Nos principais portos de exportação, alguns navios esperam até um mês no mar antes de encontrar espaço para atracar e carregar os grãos.

“Se não forem feitos grandes investimentos na infraestrutura de transportes, a China não poderá contar com a região para ser um fornecedor estável para seu mercado”, diz Salles. “Há muita coisa envolvida nisso”.

Transportar a soja do Mato Grosso para os portos brasileiros custa mais de quatro vezes o que os fazendeiros americanos gastam para mover os grãos do centro-oeste para Nova Orleans e o Nordeste do Pacífico. Como resultado, os fazendeiros brasileiros recebem bem menos por suas colheitas do que seus concorrentes americanos.

Fazendeiros brasileiros dizem que os investimentos chineses são bem-vindos. Mas se preocupam com a expansão da China como compradora de soja. A memória ainda está viva em relação ao episódio dos “grãos vermelhos” de 2004, quando a China rejeitou vários carregamentos de grãos do Brasil depois de alegar que eles estavam contaminados.

Na tentativa de contra-atacar a crescente influência chinesa, produtores brasileiros estão trabalhando com produtores americanos para diversificar seus compradores. Produtores de soja americanos organizaram um acordo conjunto com fazendeiros do Mato Grosso, em dezembro, para vender para a Índia, outro mercado com imenso potencial de crescimento. 

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