2016-08-19 09:21:00
Por mais que tente, Serginho não consegue até hoje entender a reviravolta naquele jogo contra a Rússia na final olímpica de Londres 2012. O Brasil estava com a medalha de ouro nas mãos e viu Muserskiy dar início a uma improvável reação. Quatro anos depois, as equipes vão se reencontrar. Não numa decisão, mas por um lugar nela. O líbero vai estar em quadra novamente. O gigante de 2,18m, não. Foi cortado às vésperas do embarque para o Rio, com uma lesão. Para o confronto desta sexta-feira, às 22h15, no Maracanãzinho, ele tem a receita.
– O que eu lembro é que perdi dos caras (risos). Não jogamos bem e perdemos. Agora é uma outra situação. É pressão o tempo inteiro, mas a gente está calejado a jogar numa situação dessas contra uma equipe difícil. A Rússia tem tradição gigantesca, é um adversário alto, não vai dar para ir por cima deles no ataque. Não adianta querer medir forças com os caras porque vamos perder. Eles são mais fortes do que a gente. Parece que os 2,00m deles são bem mais altos do que os nossos (risos). O que nós vamos ter que fazer é jogar vôlei. Não adianta querer brigar com os caras porque a gente vai apanhar, não tem jeito, eles são grandes. Vai ser um jogo de paciência – afirmou Serginho.
Saber sacar com inteligência também será fundamental de acordo com o campeão olímpico.
– É enfiar o pau no saque. Se for no jeito, vamos no flutuado. Porque eles são grandes e é mais difícil ir para o chão, entendeu? (risos). Vamos tentar jogar os caras no chão. Temos que saber jogar. Fazer o ponto.
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BERNARDINHO: "CONTROLE MENTAL"
Bernardinho e Bruninho endossam as palavras do líbero. Acreditam que os russos perderam muito com a ausência de Muserskiy. Ainda assim, o estilo de jogar é semelhante ao daquele time de Londres.
– Eles foram sufocados pela Argentina, mas deram uma crescida ao longo da competição. É um time forte, de peso, lúcido, paciente. Tem o Tetyukhin (ponteiro de 40 anos), um jogador incrível, que equilibra a recepção. Egor Kliuka salta bem. Então, não temos que enfrentar. Temos que ser inteligentes. Está tudo aqui (aponta para a cabeça). A partir de agora que tiver controle mental vai ter a vantagem – afirmou o técnico.
WALLACE, O DESAFOGO DO TIME
Mesmo que a seleção esteja sofrendo com problemas físicos (primeiro Maurício Souza, depois Lucarelli e Lipe), Serginho diz que quem entrar precisa dar conta do recado.
– Cada um tem uma função dentro da seleção, tem que estar pronto. E quem entra tem que resolver a situação. Com o Maurício Borges, às vezes, as pessoas não têm paciência porque ele tem que fazer uma função que o Murilo fazia, que Giba fazia. É um cara que tem que fazer todos os fundamentos bem. É muito difícil. E o moleque está jogando bem. O Wallace é o desafogo do time. Ele sabe que na hora de resolver o pepino é com ele. Na hora que estão sacando lá é comigo. Mas na hora que eu levanto a bola o problema é dele – brincou Serginho.
A dupla tem funcionado bem. E comunga do mesmo desejo. Quer porque quer, o ouro que escapou no ciclo passado. Serginho espera que a sua segunda despedida da seleção seja no alto do pódio.
– Eu fui muito confiante para a final de Londres. Fui com convicção e infelizmente ela não veio, mas eu saí do ginásio de cabeça erguida, aceitando o resultado porque nós perdemos a medalha. A Rússia foi e conquistou. Então, a gente fez tudo o que deveria ser feito naquele momento e eles foram mais capazes do que nós. Não tivemos a tranquilidade de entender o jogo naquele momento e nisso os russos ganharam. O que passava na minha cabeça era total decepção. Foi muito decepcionante, foi frustrante perder da maneira como nós perdemos. A reviravolta daquele jogo é algo inexplicável. Perdemos para um voleibol bem jogado.