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sexta-feira, 29 de março de 2024

Delator de esquema de corrupção é ex-bancário, pecuarista e empresário

2017-11-14 20:01:00

Delator de esquema de propina durante a administração do ex-governador André Puccinelli, Ivanildo da Cunha Miranda é pecuarista, empresário e foi bancário por quase 15 anos. Ele foi operador do esquema de corrupção de 2006 a 2013 e contou detalhes das negociações em delação premiada, que culminou na prisão de Puccinelli e mais três advogados.

Ivanildo foi citado na delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, como um dos envolvidos no esquema de corrupção. Após o caso, pecuarista procurou, por iniciativa própria, as autoridades para relatar os crimes cometidos em conjunto com o ex-governador. Acordo de delação premiada foi homologado em agosto deste ano.

Miranda foi bancário no período de 1976 a 1990 e tornou-se pecuarista no ano de 1985, quando comprou a Fazenda Santa Terezinha, em Corguinho. Ele também é proprietário de empresas com atividades de comércio de gado e distribuidoras de sorvetes, cerveja e lubrificantes.

Ivanildo residia em Goiânia, onde tinha uma empresa distribuída de lubrificantes e, em 2006, veio à Campo Grande a passeio, quando foi apresentado a Puccinelli pelo atual governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que na época era deputado estadual.

Na ocasião, foi convidado por Puccinelli a ajudá-lo na campanha eleitoral para governador, fazendo o trabalho de pedir votos e coneguir doações para a campanha. Ivanildo concordou, vendeu a empresa em Goiânia e mudou-se para Campo Grande.

Conforme as declarações na delação, as primeiras doações foram realizadas de forma oficial e declarada à Justiça Eleitoral. No entanto, depois de algum tempo, ele passou a ser responsável pelo recebimento de doações milionárias não oficiais, que eram feitas em dinheiro em espécie, acondicionados dentro de caixas de papelão ou isopor, e entregues diretamente à Puccinelli, no apartamento do ex-governador.

Pecuarista afirma que Puccinelli afirmou que os valores recebidos eram destinados a pagamento de dívida de campanha e, até então, segundo o delator, não hava menção a favores em troca das doações realizadas.

Ainda durante a campanha de 2006, Ivanildo teria emprestado R$ 1 milhão para o ex-governador utilizar na campanha. Ele acreditava que seria designado para algum cargo do Governo, mas não recebeu nenhuma nomeação.

Após ser eleito, Puccinelli pediu que pecuarista prestasse serviços a ele para ter a dívida de R$ 1 milhão quitada.

Dessa forma, de junho de 2007 a dezembrio de 2013, Ivanildo prestou serviços que consistiam em comparecer a casa do ex-governador todo começo de mês, onde recebia uma lista com nomes que seriam beneficiados com depósitos do JBS e os valores que deveria receber dos frigoríficos. Ele recebia os valores, sempre em espécie, e entregava pessoalmente ao então governador.

Pecuarista afirma que só em 2009 descobriu que o dinheiro pago pelos frigoríficos eram destinados ao ex-governador eram na verdade propina em troca de benefícios fiscais concedidos pelo Estado às empresas.

Mesmo ciente do esquema, ele continuou participando e, a partir de 2010, passou a receber mensalmente pelo seu serviço de arrecadação das propinas. Ivanildo também foi o responsável por apresentar o ex-senador Delcídio do Amaral à Joesley Batista, a pedido de Delcídio, em 2012.

Para corroborar a delação, pecuarista entregou diário de bordo dos aviões que utilizava para recolher o dinheiro nas empresas, e-mail recebidos enviados pelo JBS, fotografias que demonstram intimidade com integrantes da família Batista, números de telefones utilizados por André Puccinelli e agenda da Governadoria, onde constam reuniões com Puccinelli, geralmente marcadas na agenda oficial com nome de “amigo” ou “Ivan”.

PAPIROS DE LAMA

Deflagrada nesta terça-feira (14), a Operação Papiros Lama, 5ª etapa da Operação Lama Asfáltica, que investiga o envolvimento de pessoas físicas e jurídicas no esquema de desvio de recursos públicos que totalizam R$ 235 milhões, pelo apurado até o momento pela Polícia Federal.


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No total foram cumpridos hoje dois mandados de prisão preventiva (André Pucinelli e o filho dele, André Puccinelli Junior), dois de prisão temporária (Jodascil Gonçalves Lopes e João Paulo Calves), seis de condução coercitiva e 24 mandados de busca e apreensão.

Além de Campo Grande, os alvos estão localizados nas cidades de Nioaque (MS), Aquidauana (MS) e São Paulo (SP).  

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