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sexta-feira, 19 de abril de 2024

Fantástico mostra drama de professoras gays de CG

2007-11-19 12:19:00

As duas professoras de Campo Grande, que foram afastadas da escola onde trabalhavam porque se apaixonaram uma pela outra, expuseram seu drama ao País no programa Fantástico, da Rede Globo. Na reportagem, elas insistiram que, além de polêmico, o afastamento é uma discriminação. O prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho (PMDB), negou.

Carmen e Noir, duas professoras da rede pública de Campo Grande, conheceram-se em uma escola rural, quando passaram a dividir um mesmo alojamento e se apaixonaram.

“De maneira nenhuma a gente demonstrou esse sentimento”, garante Noir.

“Era totalmente segredo. Era uma coisa nossa”, afirma Carmen.

“Isso só veio à tona mesmo, porque nós tivemos a coragem de comentar com uma amiga. Após nós contarmos, não demorou uma semana. Ela comentou com uma irmã, que comentou com a diretora, que foi procurar a Secretaria Municipal de Educação e de lá já vieram com uma decisão tomada”, explica Noir.

“Simplesmente me colocaram à disposição e rescindiram o contrato da minha companheira. É o suficiente. Eu vim embora com a diretora no mesmo dia, sem direito de pegar minhas coisas, sem direito a dar tchau para as minhas crianças”, conta Carmen.

Na ata de reunião da Escola Professora Onira Rosa dos Santos do dia 24 de abril, foi registrado o afastamento das professoras. A decisão é descrita como "unânime" e baseada nas "conseqüências desastrosas" caso o fato chegasse ao "conhecimento da comunidade".

O prefeito de Campo Grande, Nelson Trad Filho, defende a decisão.

“O que eu não concordei e jamais vou concordar é que uma situação como essa venha a ocorrer dentro da escola. Isso é inadmissível, porque a escola é feita para ensinar e para aprender”, declara ele.

Ele nega que seja preconceito.

“Não houve, não vai haver nenhuma atitude ou ação discriminatória, tampouco preconceituosa em relação a esses fatos”, defende-se.

Agora que o caso ganhou os jornais e a TV, o prefeito apresenta novas denúncias.

“Existem bilhetes, fotos tiradas dentro do alojamento, tendo inclusive um caso de professora que foi assediada por uma dessas outras que estão envolvidas nesse processo”, diz o prefeito.

Mas ele não esclarece que tais denúncias foram feitas depois que Carmen e Noir já estavam fora da escola. “Não. Nunca houve assédio. Não. Jamais, de maneira alguma. Isso é calúnia!”, afirma Carmen.

Para o promotor Christiano Jorge Santos, especialista em crimes de discriminação, não há dúvida. “Se elas foram dispensadas, demitidas, pelo simples fato de serem homossexuais, isso por si só caracteriza uma discriminação”, analisa o advogado.

Ele alerta para uma lacuna na nossa legislação. “A lei que prevê o crime de racismo prevê discriminação e preconceito em virtude de raça, cor, etnia, religião e procedência nacional. Não prevê a questão da opção sexual”, aponta o promotor.

Desde 2003 tramita no Congresso Nacional um projeto que pretende criminalizar também a discriminação contra homossexuais.

“Essa população, quase 10% da população brasileira, está todos os dias exposta à violência, que vai do preconceito à discriminação, à agressão física, à agressão verbal, psicológica e até à morte. Nós queremos garantir que essas pessoas possam também viver em paz”, diz a senadora Fátima Cleide, relatora do projeto.

Carmen e Noir entraram com um pedido de indenização contra a prefeitura. Para as professoras, a lição é uma só:

“O amor acontece e você não programa”, resume Carmen.

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