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terça-feira, 23 de abril de 2024

Propina em MS era generalizada desde a época de Zeca do PT, diz JBS

2017-05-19 16:58:00

Esquema de troca de incentivos por propina envolvendo o grupo JBS e passando pelos últimos três governos de Mato Grosso do Sul movimentaram valor superior a R$ 100 milhões.

O dinheiro foi destinado a pagamentos aos ex-governadores Zeca do PT e André Puccinelli (PMDB), além do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), além de outras pessoas e empresas.

As informações foram dadas pelo dono do JBS, Wesley Batista, durante delação premiada ao STF em 4 de maio deste ano. O esquema, conforme o empresário, é generalizado em Mato Grosso do Sul, envolvendo desde grandes a pequenos frigoríficos.

De acordo com Batista, a troca de incentivo tributário por propina teve início em 2003, no governo de Zeca do PT. “É um esquema de benefícios fiscais pra redução da alíquota de ICMS. Esse esquema começou com o Zeca do PT. Começou com ele esse esquema conosco”, afirmou.

Ele acrescentou que as trocas eram feitas por Joesley (também diretor do JBS e irmão de Wesley). “Era com o Joesley, em 2003, onde foi acertado 20% do benefício de redução de ICMS, em contrapartida ao pagamento de propina”, disse.

Os valores pagos a Zeca do PT não foram informados pelo dono do JBS. “Foi um fato de 2003 e nós não temos mais os registros de quanto foi pago de propina”, justificou.

Zeca foi beneficiado pelo grupo, mesmo depois de deixar o governo. Em 2010, quando se candidatou a deputado federal, ele teria recebido R$ 1 milhão em doação oficial para campanha e mais R$ 2 milhões “por fora”.

Nos governos de Puccinelli foram pagos em propina aproximadamente R$ 90 milhões. A Azambuja pelo menos R$ 22 milhões, sendo R$ 10 milhões diretamente ao atual governador.

“Esse modus operandi do Mato Grosso [do Sul] ficou até agora, no final do ano passado funcionando”, disse Batista. “Ele [o esquema] foi passando. Passou do Zeca do PT, foi pro Puccinelli. Puccinelli ficou oito anos como governador”, afirmou.

No governador de André Puccinelli, a pessoa que intermediava o esquema era o pecuarista Ivanildo Miranda. “Ele é que fazia toda interlocução desde o acerto das contas ao recebimento, a tudo. Ele era o operador do então governador André Puccinelli”, contou.

O pagamento foi feito por diveras modalidades. “Notas frias, pagamento de doleiros a terceiros e espécie”, detalhou o empresário. “As notas fiscais frias estão relacionadas aí [e aponta para o documento entregue à PGR] no período do Puccinelli, depois tem uma parte das notas fiscais que já é do governo atual”, acrescentou.

O esquema, segundo o delator, prosseguiu no governo de Reinaldo Azambuja. Batista cita a empresa Buriti Comércio, do segmento de carne, que teria recebido R$ 12,9 milhões. “Isso já é do governo atual”, enfatizou.

Diretamente a Azambuja, foram entregues cerca de R$ 10 milhões, conforme o dono do JBS. Empresas diversas foram beneficiadas pela “farra de propinas”. A Proteco Construções recebeu R$ 9,5 milhões; a Ipobe Pesquisa, R$ 2,8 milhões; a gráfica Alvorada, R$ 2,9 milhões; Instituto Ícone, R$ 1,2 milhão. Também foram citadas a MV Produções Cinematográficas, a Amapil Táxi Aéreo e Bars Propaganda.

Generalizado – A prática de troca de propina por incentivos ficais é comum em Mato Grosso do Sul, de acordo com o dono do JBS. “Não era só nós. É uma prática recorrente no Estado. É desde frigoríficos pequenos até os grandes”, contou.

Outro lado – O Campo Grande News procurou o ex-governador André Puccinelli. Ele informou, por meio da assessoria de imprensa, que ainda não tomou conhecimento do conteúdo da delação e por isso ainda não fará pronunciamento.

José Wanderley Bezerra, advogado de André Cance também informou que precisa tomar conhecimento do conteúdo do depoimento da Joesley para se manifestar. Cance foi secretário-adjunto de Estado de Fazenda quando Puccinelli era governador.

O Governo do Estado informou que emitirá nota oficial sobre o assunto ainda nesta sexta-feira.

 
 

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