23.3 C
Amambai
sexta-feira, 19 de abril de 2024

Presidente da Fundesporte diz que esporte de MS é sucateado

2015-03-29 23:01:00

Receber competições nacionais em Mato Grosso do Sul é praticamente impossível. Não há ginásio público, pista de atletismo, nem piscina olímpica em condições, conforme avaliação do diretor-presidente da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte). O governo do Estado elabora estudo para avaliar a recuperação desses espaços, entretanto, ainda não há valores ou definições sobre os locais que receberão os investimentos. Outra meta é estimular competições dentro do Estado,  com a participação das escolas e da comunidade, para descobrir novos talentos. Veja os principais trechos da entrevista com Marcelo Ferreira Miranda.
 
CORREIO PERGUNTA – O senhor assumiu a Fundesporte há pouco mais de dois meses. Quais são suas primeiras impressões sobre a situação do esporte no Estado? 

Marcelo Ferreira Miranda – O primeiro passo foi montar uma equipe de trabalho competente, com profissionais com vasta experiência em esportes e lazer. Juntos fizemos um diagnóstico das condições de trabalho na Fundesporte e na situação no Estado. Em relação à fundação, encontramos uma equipe experiente e que se  motivou com a entrada desse novo governo. O que temos observado no Estado é uma situação bastante preocupante no esporte. Nossa estrutura esportiva está sucateada, poucos programas sociais na área, clubes e federações passando por muita dificuldade e má distribuição dos recursos.

Já definiu as metas de trabalho até o fim deste ano? Quais regiões deverão ser beneficiadas? 

O governador Reinaldo Azambuja nos solicitou um plano de ação a curto, médio e longo prazo, com uma política que traga transparência e democratização dos recursos e das ações da Fundesporte, pois percebemos que muitas regiões estão esquecidas. Elaboramos um calendário inicial e fizemos algumas alterações para dar mais consistência aos eventos, com parceria com a Cultura, a Assistência Social e a Saúde. Também a pedido do governador, estamos elaborando programas próprios de lazer, de iniciação esportiva e de atividade física e saúde, que serão ofertados a todas as cidades do Estado, que poderão aderir a esses programas. Vamos levar atividades de lazer às crianças, junto da Caravana da Saúde, possibilitando que as famílias possam ser atendidas pelas equipes da Secretaria da Saúde, sem preocupação com seus filhos. Gostaríamos muito de regionalizar os jogos da Fundesporte já neste ano, mas, infelizmente, isso teria que ter sido programado no fim do ano passado. Para 2016, teremos programação regionalizada. 

Campo Grande recebeu o Fórum de Esporte e Lazer, que contou com diversas autoridades nacionais. Quais pontos foram discutidos e o que realmente poderá ser implantado nos próximos anos?

O fórum teve 3 objetivos principais e que foram alcançados. O primeiro foi mostrar à comunidade esportiva que Mato Grosso do Sul está fora das ações que estão ocorrendo a nível nacional, em função do ciclo olímpico, para assim tentarmos reverter essa situação, aderindo aos projetos nacionais, captando apoio dessas entidades e também auxiliando na montagem de uma política estadual de esporte e lazer sintonizada com o Brasil. Trouxemos representantes do Comitê Olímpico Brasileiro, do Comitê Paralímpico, da Confederação Brasileira de Desporto Universitário e do Conselho Fderal de Educação Física.
Outro objetivo era mostrar nossas ações nesse primeiro mês de trabalho, apresentando nosso diagnóstico inicial e as alterações que pretendemos fazer na forma de condução da Fundesporte. O objetivo mais importante, que foi também atingido, era ouvir a comunidade esportiva, e a partir daí buscarmos subsídios para o nosso plano plurianual. Fizemos uma dinâmica muito moderna e democrática, em que cada segmento (universidades, clubes, federações, paradesporto…) levantou as dificuldades e, em comum acordo, apontou as soluções, indicando as ações que devem ser priorizadas pela Fundesporte, a curto, médio e longo prazo. Foram importantes subsídios que vão nortear nosso trabalho, validados por uma participação democrática.

A falta de estrutura para prática esportiva tem preocupado os sul-mato-grossenses. Na Capital, por exemplo, estão interditadas praças importantes, como Guanandizão, Estádio Morenão e Autódromo Internacional. Mesmo sendo do poder municipal, o senhor tem planos para recuperar esses locais? 

Esse é um dos grandes problemas que temos que enfrentar. A boa notícia é o que o governador Reinaldo Azambuja nos pediu que, independentemente de questões políticas e mesmo com a municipalização dos parques, fizéssemos um estudo para ver como o Estado pode agir para recuperar esses espaços. Veja: não temos um ginásio público, pista de atletismo, nem piscina olímpica em condições de receber uma competição nacional. As obras do centro de treinamento da Vila Almeida estão paradas há anos, mesmo com o recurso liberado na Caixa. Vamos priorizar essa questão da estrutura esportiva.

A Fundesporte iniciou o processo de prestação de contas da Bolsa Atleta Estadual. Tem previsão de abertura para entrega de projetos neste ano? Qual valor será disponibilizado? 

A fase de prestação de contas vai até fim de março, em seguida publicaremos o novo edital. Serão disponibilizadas 50 bolsas de R$ 800,00 para atletas adultos e 150 para atletas escolares, de R$ 350,00. Fizemos algumas alterações no sentido de viabilizar a destinação dessas bolsas, visto que, no ano passado, das 150 bolsas escolares, foram disponibilizadas apenas 13. Formamos uma comissão para reavaliar os critérios e analisar os novos pedidos. Essas bolsas são fundamentais para valorizar nossos atletas e facilitar a sua dedicação aos treinamentos, buscando se aprimorar cada vez mais. Temos que facilitar o acesso a elas, mas com muito rigor na utilização desse recurso público.

Nosso esporte individual tem conquistado bons resultados em competições nacionais e até internacionais, como por exemplo, a judoca Layana Colman nos Jogos Olímpicos da Juventude. O senhor, como é ex-atleta e técnico de handebol, tem qual avaliação da situação pela qual passam as modalidades coletivas? 

As modalidades coletivas são as que mais sofrem com a falência dos clubes e o desinteresse das escolas pelo esporte, pois elas dependem de condições que não podem ser supridas individualmente, com apoio apenas da família ou de amigos. Essa situação dos clubes e esse desinteresse das escolas pelo esporte é um dos grandes problemas que temos que enfrentar. Na época em que fui atleta e técnico de handebol, havia uma grande competitividade entre as escolas, inclusive as públicas, isso motivava a todos. As escolas mantinham equipes treinando constantemente, as particulares chegavam a dar bolsas de estudo para seus atletas. Precisamos regionalizar os jogos, fazendo com que se motivem todas as cidades do Estado para criar disputas locais, trazendo para etapa final os primeiros colocados e, assim, realizando uma competição de qualidade e de alto nível. Outra questão importante é resgatar as competições entre seleções municipais. Como, atualmente, nos jogos escolares estaduais e brasileiros quem participa é a escola vencedora, vários atletas de nível ficam de fora porque sua escola não se classificou. Esse modelo é importante, pois valoriza o trabalho da escola, mas temos que fazer também os jogos de seleção entre municípios, porque se valorizam todos os talentos de cada cidade.

Tem projeto para colocar o Estado na elite nacional de alguma modalidade? 

Eu, particularmente, acredito que isso deve acontecer a partir de um crescimento sólido do esporte aqui no Estado. Não acho que investir em uma equipe para colocá-la na elite nacional seja a solução para o esporte como um todo. Já tivemos essas experiências aqui em MS, que, a meu ver, deram certo apenas em curto prazo. Temos que ter competições fortes dentro do Estado, senão fica difícil manter uma equipe aqui o ano todo. Entendo que devemos apoiar as equipes como um todo e viabilizar as participações a nível nacional, fortalecendo de forma concreta e não criando situações que não se sustentam a médio e longo prazo. 

O governador Reinaldo Azambuja, mesmo falando em dificuldades financeiras neste início de mandato, prometeu 1% da arrecadação para o esporte. O senhor já sabe como esse dinheiro será investido para o fomento do esporte estadual? 

O governador reiterou sua intenção de investir no esporte. Isso aumenta muito nossa responsabilidade. Ele solicitou que façamos propostas que enfrentem essa questão preocupante do esporte, em MS, que foi confirmada no diagnóstico obtido no fórum, como o sucateamento das instalações esportivas, desestruturação das federações, falência dos clubes e desinteresse pelo esporte escolar, mas que, principalmente, não esqueçamos das atividades que atendam às questões sociais, como, por exemplo, lazer e iniciação esportiva em regiões de vulnerabilidade social. Além de gostar de esporte, o governador Reinaldo Azambuja sabe do potencial da área como instrumento de transformação social e de resgate de valores morais, que pode contribuir muito para o desenvolvimento humano e a redução da pobreza e das desigualdades em Mato Grosso do Sul.

Leia também

Edição Digital

Jornal A Gazeta – Edição de 19 de abril de 2024

Clique aqui para acessar a edição digital do Jornal...

As Mais Lidas

Casal é preso acusado de matar e decapitar jovem indígena em Amambai

Vilson Nascimento Por meio de um trabalho rápido e eficiente...

Homem e mulher tem veículo alvejado por disparos em Amambai

Vilson Nascimento A Polícia Civil está apurando uma tentativa de...

Portuguesa vence Náutico por 2 a 0 diante da torcida

Vitória do time rubro-verde de Mato Grosso do Sul!...

Quartas de final do Intervilas 2024 acontecem nesta segunda e na sexta-feira em Amambai

Vilson Nascimento Tem início previsto para a noite desta segunda-feira,...

Enquete