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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Waldner Bernardo é eleito presidente da CBA

2017-01-23 02:02:00

Os levantamentos de boca de urna já indicavam a vitória de Waldner Bernardo, o Dadai, de Pernambuco, candidato da situação, como o vencedor da eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). O representante da oposição foi o paranaense Milton Sperafico. E na votação entre 16 presidentes de federação e a associação dos pilotos, 17 votos no total, na sexta-feira, na sede da entidade, no Rio de Janeiro, deu Dadai por 10 a 7. 

O GloboEsporte.com estava presente no evento que escolheu o líder do automobilismo brasileiro nos próximos quatro anos, a partir de 17 de março, data em que o atual presidente, Cleyton Pinteiro, também de Pernambuco, entrega o cargo para seu protegido, Dadai. Apesar de contar com a máquina de Pinteiro, o discurso de Dadai sugere que esse empresário de 41 anos implantará na CBA um gestão bem distinta da de seu conterrâneo, apesar de todos os vínculos entre ambos.

A comunidade de 10 mil profissionais do automobilismo, não representada no processo eletivo, pois quem escolheu o novo presidente foram os responsáveis pelas federações, muitas completamente inexpressivas no cenário do esporte a motor, espera que Dadai não siga os passos de seu antecessor.

"WaldnerWaldner Bernardo, o novo presidente da CBA (Foto: Reprodução)

Há várias promessas de campanha, expostas principalmente num debate promovido com o apoio do GloboEsporte.com dia 20 de dezembro, em São Paulo. Pilotos, donos e chefes de equipe, promotores de competições, Felipe Giaffone, da Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo-ABPA, e jornalistas debateram os principais problemas desse esporte no Brasil.

As promessas foram lembrados pelo repórter ao novo presidente da CBA na entrevista exclusiva realizada em seguida à divulgação do resultado da eleição. 

– Esse processo (eletivo) será um divisor de águas – garante Dadai, aparentemente cheio de vontade de redimensionar a confederação que comandará. 

Sperafico acabou prejudicado por uma iniciativa sem pé e cabeça de um de seus aliados, a federação gaúcha. Seu presidente, Carlos Alberto Rodrigues de Deus, pediu a impugnação do voto da ABPA, por acreditar que seu líder, Giaffone, pudesse votar em Dadai enquanto os pilotos sócios da ABPA tivessem escolhido Sperafico. O voto para eleger o presidente da CBA é secreto.

Foi um momento constrangedor. Giaffone tirou foto da sua cédula, com o voto a Sperafico, definido pelos pilotos da ABPA, e ao mesmo tempo não escondeu que dentro da entidade dirigida por ele seu voto foi para Dadai. A diferença em favor de Sperafico dentre os 40 pilotos que votaram foi de apenas três pontos. 

Giaffone estava desolado com a suspeita de que fosse capaz de mudar o voto da ABPA na hora da eleição.

– Esse é um mundo podre – afirmou, referindo-se à política do automobilismo brasileiro, esporte que sua família vive desde o início dos anos 60, quando seu pai, Zeca, e o tio, Affonso, ajudaram a implantar o kart no Brasil. 

Hoje a empresa de Zeca e de Giaffone e o irmão, Zequinha, a JL, é a responsável pelo projeto, construção e fornecimento dos carros da Stock Car, dentre outras categorias.

PILOTOS SEMPRE AUSENTES

Notícia triste: a ABPA tem 200 pilotos e somente 40 votaram, o que dá bem uma ideia do quão interessados e conscientes é a classe desses profissionais, mesmo quando de trata de definir o que lhes poderá acontecer num futuro próximo. Mas não surpreende pela história de seu comportamento ausente.

Sperafico reconheceu a derrota, cumprimentou o adversário e disse que Dadai terá pela frente o difícil trabalho de unir o Brasil no automobilismo.

– Há hoje um racha. Com Cleyton Pinteiro como cabo eleitoral eles obtiveram os oito votos das federações do nordeste, onde o número de pilotos filiados é cerca de 10% dos das federações do sul.

Foi esse mesmo colégio eleitoral que rejeitou o pedido da assessoria de Sperafico de colher em separado os votos das federações de Alagoas, Rio Grande do Norte e Sergipe por elas, em princípio, não poderem votar em razão de não atenderem os requisitos mínimos de atividade automobilística em seus estados.

– Mas eles vetaram as federações de Mato Grosso do Sul e do Espírito Santo pelos mesmos motivos alegados por nós. A diferença é que eles votariam em mim. Portanto, sem os três votos das federações irregulares do nordeste e eu com os dois votos das federações que me apoiam e não votaram, eu teria vencido a eleição – explicou Sperafico. 

POLÍTICA NUNCA MAIS

Desiludido com a forma como o processo foi conduzido pela assembleia e o andamento da campanha, Sperafico anunciou a sua retirada da vida política no automobilismo brasileiro. 

– Vou aos autódromos, agora, apenas para assistir às corridas.

O primeiro ponto abordado pelo GloboEsporte.com na entrevista com Dadai foi exatamente esse, a representatividade do colégio eleitoral que o elegeu. A necessidade de rever os estatutos da CBA. Como é possível uma atividade reunir 10 mil profissionais e quem escolhe o presidente da entidade que administra seus passos ser eleito por pouco mais de uma dúzia de cidadãos, cuja maioria é despreparada e não representa esses 10 mil profissionais.

– Essa é uma discussão importante. A presidência da CBA é um cargo executivo, não legislativo. O presidente pode até propor uma mudança dessas, mas quem aprova é a assembleia da CBA. Para poder revermos isso, os pilotos têm de ser mais participativos. Eles têm de forçar seus clubes que por sua vez forçariam as federações. Agora você imagina, são 10 mil pilotos filiados no Brasil, apenas 200 se filiaram a ABPA e desses somente 40 votaram na definição do voto da associação na eleição de hoje – diz Dadai.

"MiltonMilton Sperafico anunciou a sua retirada do automobilismo brasileiro (Foto: Reprodução)

O novo presidente da CBA segue com a receita para mudar o estatuto da entidade, extinguir esse ranço de um país casuísta:

– Os pilotos têm de procurar ser mais representados. É aí que tem de nascer esse movimento.

E afirma aos quatro cantos que trabalhará para se manter na presidência da CBA apenas por quatro anos. 

– Pode gravar isso, meu projeto não é de oito anos, mas quatro.

A responsabilidade por rever o estatuto da CBA, explica, está nas mãos de iniciativas dos vários segmentos do automobilismo, em especial os pilotos. Diante da excreção que o modelo atual representa para o reais interesses desse esporte no Brasil, seu desenvolvimento passa pelo surgimento de uma liderança que passe a cobrar com energia dos presidentes de federações, quem decide nas assembleias da CBA, a votação de um novo estatuto.

NÃO PRATICOU O É DANDO QUE SE RECEBE

A primeira providência de Dadai como novo presidente será montar a equipe de trabalho. Aqui também outro flagelo do automobilismo brasileiro. Pois a troca de voto pela doação de cargos na CBA faz parte da sua história. 

O pernambucano, contudo, garante que desta vez será diferente.

– A melhor prova disso é o resultado da eleição, 10 a 7, mas podia ser 9 a 8. O meu grau de comprometimento é com a meritocracia. Não troquei voto por cargo. O que não quer dizer que não haja presidente de federação que não possa assumir uma das nossas comissões (são nove). Haroldo (Scipião Borges), da federação do Ceará, está fazendo um trabalho fantástico na área de rali, deve ficar no rali, porque é do meio, da promoção de eventos. A tônica vai ser essa.

Ainda falta assinar o contrato, mas Dadai antecipa o que pode vir a ser uma notícia importante na sua gestão, a esse respeito de montagem do time de trabalho.

– Nós já estamos conversando com uma empresa de São Paulo especializada em gestão, gerenciamento de imagem para implantar o profissionalismo não apenas de pessoas na CBA, mas de gestão.

GANHAR CREDIBILIDADE

Os estudos iniciais dessa empresa detectaram que um dos grandes problemas da entidade e que hoje a inviabiliza de sair no mercado atrás de parceiros para os seus projetos é a falta de credibilidade.

– Há um degaste da imagem da CBA. Precisamos resgatá-la. Essa questão de ter projeto (o que não houve nos oito anos da administração Pinteiro) é um dos nossos pontos (básicos de proposta).

Os projetos concebidos por empresas profissionais associados a esse choque de credibilidade em estudos permitirão a CBA sair da estagnação em que se encontra. 

– Podemos procurar muitos parceiros, não apenas as montadoras (de automóveis), mas Fiesp, Senai, Sebrae… Vamos mudar esse quadro. Precisamos nos fazer presentes. Com a credibilidade podemos ganhar a confiança dos patrocinadores, como ocorreu com o vôlei, mencionado por você.

DAR A LARGADA

Algo que a CBA terá, agora, diz o presidente eleito, é iniciativa.

– Alguém que dê o start (a largada aos projetos), ele existindo as coisas acontecem.

Dadai garante que não acontecerá mais de o ministro do Esporte dizer que “há verba para o automobilismo, mas não projeto".

– Garanto, vai ter. Sei que não vou conseguir realizar 100% das coisas que gostaria, mas vamos ter organização, vamos saber o que fazer.

"WaldnerDadai diz ter experimentado vários estágios antes de chegar à presidência (Foto: Vital Florêncio / GloboEsporte.com)

Argumenta ter experimentado os vários estágios da formação de um profissional da área, o que o credencia a entender as dificuldades de cada segmento do automobilismo.

– Fui quatro anos da comissão de velocidade, comecei lá em baixo, como bandeirinha, em seguida chefe de sinalização (chegou a presidente da federação de Pernambuco). Sou pai de piloto de kart, transito pelo paddock (dos autódromos), onde as coisas acontecem.

Mesmo numa federação de pouca atividade, como a sua, aprende-se muito, defende.

– Se você comparar a FASP (federação paulista) com a de Pernambuco, bem menor, verá que a diferença é o tamanho, mas os problemas são os mesmos.

A política domina a CBA, sempre foi assim. Os interesses de cada presidente de federação e da própria entidade geram conchavos que satisfazem muito mais eles próprios que os esporte.

– A CBA inevitavelmente é um órgão político. Só que essa balança entre política e desporto está desequilibrada. A política não pode interferir jamais em decisões técnicas e desportivas – diz Dadai.

INTERCÂMBIO DE INFORMAÇÕES

Ao contrário de seu antecessor, que viajava ao exterior apenas para votar nas reuniões do conselho mundial da FIA, Dadai demonstra ter consciência da necessidade de ir a eventos promovidos pela FIA, empresas com programas de formação de pilotos, competições onde dirigentes costumam se encontrar e trocar informações, a exemplo do GP de Mônaco, as 24 Horas de Le Mans. Tudo isso gera dividendos para o automobilismo brasileiro. 

– Estarei nesses eventos, pode acreditar.

Dentre os pontos onde a nação capitaliza com esse contato com nações mais avançadas nesse esporte está a constatação do atraso do automobilismo brasileiro, uma das principais razões das dificuldades dos pilotos que deixam o país para correr no exterior. 

– Nós estamos elaborando um plano de relançar a F3. O material, hoje, está sucateado (seus chassis remontam a 2009). E quanto à criação e uma categoria de monopostos válida (inexistente), apoiamos um empresário que trabalha para implantar no Brasil, em 2018, a F4, padrão FIA, com carros novos. Chassis, motor, pneus tudo será sorteado.

Por fim Dadai espera contar também com a imprensa.

– Hoje em dia tem muita gente se autointitulando imprensa. É preciso fazer um filtro. A impresa profissional e especializada deve cobrar e sugerir, haverá abertura para isso.

REUNIÃO COM TODOS

No encontro de dezembro, com os representantes dos vários segmentos do automobilismo, Dadai prontificou-se a participar uma vez por ano, por exemplo, “pode ser até menos” a se reencontrar com quem faz o automobilismo para discutir sua gestão, ouvir as críticas e reorientar suas decisões.

– Vou estar sempre disponível para as discussões necessárias.

Sobre o comprometimento com Pinteiro, que trabalhou muito para eleger seu sucessor, Dadai é claro: 

– Cleyton, dentro da CBA, não terá nenhuma função. É um amigo pessoal, experiente, que posso até consultar, mas não tem mais absolutamente nada com a CBA.

O novo presidente sabe que nunca como desta vez a entidade será acompanhada de perto por todos que, de alguma forma, vivem do automobilismo, também por conta dessa onda de tentativa de moralização que a nação vive. A época de aceitar todos os demandos da CBA para atender os interesses de meia dúzia de indivíduos, em completo desprezo aos dos automobilismo, parece ter chegado ao fim, ao menos na proporção do que há décadas é praticado no Brasil. 

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