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sexta-feira, 26 de abril de 2024

Com Rosberg fora, as chances de Nasr permanecer na Fórmula 1 cresceram

2016-12-04 11:01:00

A inesperada decisão de Nico Rosberg deixar a F1, anunciada nesta sexta-feira, cinco dias apenas depois de conquistar o tão sonhado título mundial, introduziu um elemento novo na definição das vagas de pilotos que ainda restam para a temporada programada para começar dia 26 de março na Austrália.

E que novidade: possivelmente um dos melhores carros da competição, em 2017, senão o mais veloz, equilibrado e confiável, o da Mercedes, desejo de todo piloto, está disponível.

Junto dele vem uma conta não fácil de ser paga por todos esses profissionais, mesmo os mais experientes, a necessidade de confrontar seu trabalho com um dos mais notáveis pilotos da F1, Lewis Hamilton, com números que o colocam dentre os grandes da história, como suas 53 vitórias, 104 pódios, 61 pole positions, além de três títulos mundiais, em apenas 188 GPs disputados.

Mas mesmo com esse imenso desafio pela frente, todos que forem convidados, sem exceção, ou aceitarão de imediato o convite ou, se já tiverem compromisso com alguma equipe, questionarão a possibilidade de deixá-la a fim de competir pela Mercedes. Motivo: quase a garantia de, em 2017, dispor da chance de lutar por vitórias e provavelmente o título.

"NicoNico Rosberg cumprimenta Lewis Hamilton em Abu Dhabi (Foto: Getty Images)

É por essa razão que todos os pilotos que disputaram o GP de Abu Dhabi, domingo, último do campeonato, onde Rosberg igualou o feito de seu pai, Keke, em 1982, ao se tornar campeão, andam com o celular do lado o tempo todo. O que mais gostariam, seja quem for, mesmo tendo contrato de ferro com seus times? Receber uma ligação de Toto Wolff, sócio e diretor da escuderia Mercedes.

E para quem, realisticamente, Wolff poderia telefonar, para ao menos conhecer a possibilidade de competir pela Mercedes? E quais seriam os desdobramentos da definição do companheiro de Hamilton na formação de pilotos já existente das equipes e das que estão em curso?

AS OPÇÕES DA MERCEDES

Conforme explicado em detalhes na outra reportagem, Wolff pode seguir dois caminhos. O primeiro é o mais tranquilo e não desencadear nenhum conflito ou desgaste com outros times, por tirar um dos seus profissionais já de contrato na mão. Seria anunciar que o alemão Pascal Wehrlein, 22 anos, já da academia da Mercedes, ficará com a vaga. Ele não tem compromisso com ninguém, depois da boa temporada de estreia, este ano, pela Manor.

"PascalPascal Wehrlein foi piloto reserva da Mercedes e teve boa temporada de estreia pela Manor (Foto: Divulgação)

Qualquer outra decisão passa, necessariamente, por negociações que podem gerar importante desgaste para Wolff e, principalmente, a imagem da Mercedes. Exemplos: se ele desejar contar com Esteban Ocon, também da academia da montadora, de grande potencial, mas de contrato recém-assinado com a Force India.

Outro candidato e com boas chances é Valtteri Bottas, da Williams, cuja carreira é administrada pela Ace Management, onde Wolff é sócio. E o diretor da Mercedes gosta muito de Bottas como piloto, além de o finlandês já ter provado ser capaz de lutar por pódios e vitórias, o que ainda não é o caso de Wehrlein e Ocon. Bottas parece ser o candidato mais forte para a Mercedes, se não for Wehrlein.

"ValtteriValtteri Bottas é outra opçõ para a Mercedes (Foto: Getty Images)

E existe ainda a possibilidade de a Mercedes recorrer a um medalhão, alguém como Fernando Alonso, da McLaren-Honda, para a alegria de Bernie Ecclestone e dos novos sócios dos direitos comerciais da F1, o Liberty Media, representado na competição pelo norte-americano Chase Casey. O evento seria notícia todo dia da imprensa.

Uma guerra, muito provavelmente, seria estabelecida entre o espanhol e Hamilton desde os primeiros testes dos novos modelos, em fevereiro. Mas, como explicado na reportagem anterior, é pouco provável que a Mercedes entre em conflito com outra montadora, a Honda, para tirar um piloto da sua organização e, ainda mais difícil, se dispor a administrar a relação entre Alonso e Hamilton, potencial explosiva.

SAUBER, INDEFINIÇÃO AINDA MAIOR

Agora o que pode vir pela frente quanto aos arranjos entre pilotos e equipes, dependendo de quem for o escolhido da Mercedes. Uma coisa já é possível antecipar: a decisão de Rosberg elevou as chances de Felipe Nasr permanecer na F1. Só lembrando, há quatro vagas em aberto, ainda, na F1: a cobiçadíssima na Mercedes, uma na Sauber e duas na Manor. Mais: em 2017 o regulamento será bem distinto do atual. O desafio para os pilotos, bem maior, com carros cerca de quatro segundos mais rápidos que este ano. Também pesa na hora da escolha desses profissionais.

Começando pelo que seria mais lógico, Wolff não desejar desgaste com ninguém, preservar a Mercedes, apostar suas fichas no inexperiente Wehrlein. Ele é o mais cotado, ou era, para ser o companheiro de Marcus Ericsson na Sauber, e ocupar, portanto, a posição de Nasr.

"FelipeFelipe Nasr no treino classificatório para o GP do Brasil; chances do brasileiro na F1 aumentam (Foto: Getty Images)

Se Wehrlein for para a Mercedes, Monisha Kaltenborn, diretora da Sauber, terá de examinar com maior atenção os outros postulantes à vaga, no caso o próprio Nasr, o mexicano Steban Gutierrez, mesmo tendo saído de lá execrado, no fim de 2014, mas tem bom dinheiro da Telmex, US$ 15 milhões (R$ 55 milhões), e o indonésio Rio Haryanto, que diz dispor, da mesma forma, de verba de patrocínio. Haryanto disputou a temporada até o GP da Alemanha, 12º do calendário, pela Manor, quando foi substituído por Ocon.

A boa notícia para a Sauber é que o nono lugar de Nasr em Interlagos, levando o time suíço da 11ª para a nona colocação entre os construtores, foi confirmada na última corrida do ano, no Circuito Yas Marina, em Abu Dhabi. Assim a Sauber vai mesmo receber os cerca de US$ 40 milhões (R$ 150 milhões) destinados pela Formula One Management (FOM) a quem termina em décimo. “Isso representa algo como 40% do nosso orçamento” disse Monisha.

MAIS JOVENS PROMESSAS

Podem ainda entrar em cena na luta pelas vagas na Sauber e Manor três jovens promissores, egressos das competições que mais fornecem pilotos para a F1, as antessalas do mundial, GP2 e GP3. O francês Pierre Gasly, de 20 anos, que assegurou o título da GP2 no Circuito Yas Marina, domingo, ao vencer a batalha com seu companheiro na equipe Prema, o italiano Antonio Giovinazzi, de 22 anos.

Gasly tem o apoio da RBR, que poderia investir na sua formação também na F1, apesar de não ser na STR, time mantido pela empresa do energético para esse objetivo, cujos pilotos são já conhecidos, o espanhol Carlos Sainz Júnior e o russo Daniil Kvyat. Já Giovinazzi, vice da GP2, conta apenas com seu talento, não dispõe de investidores. O terceiro é o monegasco Charles Leclerc, 19 anos, campeão da GP3, título definido também na prova de encerramento, em Abu Dhabi. Leclerc é da academia da Ferrari.

Tecnicamente, Monisha não teria dúvida dentre os candidatos oficiais e os em potencial, os três jovens: ficaria com Nasr. Mas o brasiliense de 24 anos perdeu o patrocínio do Banco do Brasil e há um desgaste grande entre a liderança da Sauber e o staff de Nasr. Por essa razão, apesar de ser a melhor opção técnica, suas chances são pequenas. Monisha afirmou ao GloboEsporte.com, em entrevista exclusiva no Circuito Yas Marina, que a Sauber precisa de investimento para ascender ao pelotão intermediário da F1, seu plano nos próximos três anos.

"LewisQuatro vagas estão em aberto: a cobiçadíssima na Mercedes, uma na Sauber e duas na Manor (Foto: Getty Images)

Mas Wolff pode não escolher Wehrlein e Monisha confirmar o que todos no paddock afirmam: ele é o principal candidato a competir ao lado de Ericsson. Pode ainda acontecer de não haver acordo entre Wolff e Monisha, pois a transferência de Wehrlein também envolve dinheiro e a Mercedes não vai além dos US$ 5 milhões (R$ 18 milhões) autorizados pelo board da empresa. Wolff teria de convencê-los da mudança, como explicou em Interlagos.

Existe ainda a possibilidade de Wehrlein ficar onde está, na Manor, já que Ocon assinou com a Force India. Wolff ofereceu à organização de Vijay Mallya pagar menos pelo uso da unidade motriz Mercedes. Acredita-se que sejam os mesmos US$ 5 milhões permitidos pelo board. Wehrlein e Ocon juntos provavelmente não daria certo, a relação entre ambos foi quase belicosa, este ano, nas nove etapas em que estiveram juntos na Manor. Esse conflito teve seu clímax em Abu Dhabi, quando os dois lutavam por posição e se tocaram. Um acusou o outro.

RON DENNIS E A MANOR

"RonRon Dennis ao lado de Jenson Button (Foto: Divulgação)

Esse é o panorama na Sauber. Agora é a vez da Manor. Importante: o inglês Stephen Fitzpatrick, dono da escuderia e da Ovo Energy, fornecedora de gás no sul da Inglaterra, está vendendo o time. Em vez dos US$ 40 milhões do décimo lugar entre os construtores, como mantinha até o GP do México, a Manor vai receber da FOM U$ 13 milhões (R$ 50 milhões), pelo 11º deste ano e o que fez em 2015. A informação foi confirmada ao GloboEsporte.com, domingo, por uma fonte da Manor. Fitzpatrick não deseja investir mais no projeto de F1. Acreditou que poderia destinar menos recursos e obter grande publicidade para sua empresa. Não está funcionando na proporção planejada.

Não é uma boa notícia para o futuro da Manor, a não ser que o grupo que a comprar, se existir um investidor com lastro, decida relançar a organização, com objetivos mais ambiciosos. Em Abu Dhabi falou-se muito que Ron Dennis, literalmente retirado pelos sócios da liderança do Grupo McLaren, teria interesse. Perto de completar 70 anos, pretenderia mostrar aos sócios desafetos o que é ainda capaz de fazer quando assume uma equipe de F1. Não é impossível que o negócio saia. Se Dennis liderar a Manor, a escuderia crescerá.

Mas o veterano inglês vai ter de buscar recursos no mercado. Não é mais como na McLaren. Sem um patrocínio principal, a escuderia de F1 retirava dinheiro, muito dinheiro, das demais empresas do Grupo McLaren, uma das principais fontes de desgaste entre Dennis e seus sócios. O inglês era inflexível das negociações com patrocinadores em potencial. E isso custa caro para o Grupo McLaren. O mundo mudou, Dennis, não.

E não será fácil Dennis encontrar investidores, patrocinadores no mercado, como não foi quando tentou empréstimo bancário milionário para comprar ele próprio a participação de seus sócios no Grupo McLaren, que fatura quase 600 milhões de libras (R$ 3 bilhões) por ano. Simplesmente ouviu um “não” de vários bancos, o que acabou por apressar seu afastamento forçado da direção geral.

"EquipeEquipe Manor se apresenta como uma opção melhor ao brasileiro Felipe Nasr (Foto: Getty Images)

Na Manor, portanto, em termos de piloto, tudo pode acontecer. Se Wehrlein for para a Mercedes ou a Sauber, os nomes com chances de competir pela equipe à venda são os que estão no mercado: Nasr, Gutierrez, Haryanto, Gasly, Leclerc e Giovinazzi, sendo que Nasr e Giovinazzi não têm patrocinadores capazes de atender o mínimo solicitado por Fitzpatrick, US$ 10 milhões (R$ 37 milhões). Ao menos neste momento. As negociações para convencer novos investidores prosseguem de todos os lados.

Existe, como explicado na reportagem sobre quem poderá competir pela Mercedes, a possibilidade de um piloto com contrato assinado para 2017 com outra escuderia poder ser o escolhido por Wolff, como Bottas, da Williams, Hulkenberg, da Renault, Ocon, da Force India, e o caso mais extremo de Alonso, McLaren.

WILLIAMS, RENAULT E FORCE INDIA

Se um deles sair para a Mercedes, a vaga que sobrará será bem mais atraente que as existentes hoje, na Sauber e na Manor, pois Williams, Renault e Force India têm muito mais recursos de engenharia e financeiros para disputar um melhor mundial em 2017. Nesse caso as chances de Nasr ser o escolhido, mesmo sem verba de patrocínio, por enquanto, crescem.

O brasiliense já expôs seu potencial, ainda que um pouco abalado este ano com a derrota na luta interna na Sauber com Ericsson, mas quem entende de F1 no paddock sabe reconhecer um piloto de potencial para evoluir bastante e Nasr faz parte dessa reduzida lista. A temporada deste ano não representa a melhor referência para entender o que Nasr é capaz com um carro pelo menos razoável nas mãos, como demonstrou no GP do Brasil, com brilhantismo.

Williams, Renault ou Force India precisão de um piloto que tenha possibilidade de obter bons resultados de imediato, e Nasr atende essa condição mais que os disponíveis no mercado, apesar da falta de patrocinador.

"FelipeWilliams, Renault e Force India têm bons recursos de engenharia e financeiros para disputar um melhor mundial em 2017. Nesse caso, as chances de Nasr ser o escolhido, mesmo sem verba de patrocínio crescem (Foto: Reprodução)

Gutierrez dispõe de dinheiro, alguma experiência, mas foi dispensado pelos dois times onde passou, Sauber e Haas, por incapacidade de conquistar pontos. Em 59 GPs, conseguiu um sétimo lugar no GP do Japão de 2013, pela Sauber, e foi tudo. Haryanto perdeu a disputa com Werhlein na Manor, este ano, além de ter um histórico fraco, como o do mexicano. E o campeão e vice da GP2, Gasly e Giovinazzi, e o campeão da GP3, Leclerc, são por enquanto somente promessas, nunca competiram na F1.

Os dirigentes de Williams, Renault e Force India, se perderem Bottas, Hulkenberg ou Ocon ficariam com duas opções: contratar um piloto que já demonstrou, em 2015, e em Interlagos este ano, o que é capaz, Nasr, ou apostar nos jovens da GP2 e GP3, onde o risco é bem maior, por conta da mudança radical do regulamento, onde a experiência contará mais e a diferença de performance entre a F1 e a GP2 e a GP3 crescerá significativamente.

"NicoCinco dias após o título mundial, Rosberg anunciou a sua aposentadoria (Foto: AP Photo/Luca Bruno)

Se por um golpe de sorte da F1 houver a possibilidade de Alonso trocar a McLaren pela Mercedes, surpreendente sob todos os pontos de vista, mas maravilhoso para o espetáculo, o mais provável é Jenson Button, que não se despediu das pistas, como disse, apenas mudará de categoria, regressar como titular ao time inglês associado a Honda, para ser o parceiro de outro jovem promissor, o belga Stoffel Vandoorne. Button provavelmente aceitaria. Deve ser um dos que anda trocando telefonemas com amigos à espera do desfecho da história. 

E, diante de como as coisas funcionam na F1, não é permitido descartar a hipótese de ele mesmo receber a ligação de Wolff. Button, aos 36 anos, ainda é muito eficiente e já compartilhou a McLaren com Hamilton. Manteve um nivel elevado de disputa e o relacionamento entre ambos não deveria ser, na Mercedes, um enorme problema.

As próximas semanas serão reveladoras para o futuro da F1. Com certeza Ecclestone e Casey estão torcendo para que a vaga de Rosberg seja ocupada por alguém de peso, para que no caso de nova dominação da Mercedes, em 2017, pelo menos entre os seus pilotos haja disputa, como foi o caso de Rosberg e Hamilton em 2014, 2015 e 2016, anos do uso da tecnologia das unidades motrizes híbridas.

Os carros voltam à pista, agora, já os modelos de 2017, dia 27 de fevereiro, no primeiro dia de treinos da pré-temporada, no Circuito da Catalunha, em Barcelona. Mas até lá a F1 vai estar recheada de notícias, principalmente se o companheiro de Hamilton for um dos grandes pilotos em atividade. 

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