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sábado, 20 de abril de 2024

Sauber elogia Nasr, mas diz analisar "quadro inteiro" para definir vaga

2016-11-25 20:01:00

O GP de Abu Dhabi pode ser o último de Felipe Nasr na F1, curiosamente depois de realizar excepcional trabalho na corrida anterior, em Interlagos, ao chegar em nono e dar a sua equipe, Sauber, dois pontos preciosos. O time suíço passou a Manor, que tinha um ponto, e assumiu o décimo lugar entre os construtores. Se os pilotos da Manor, Esteban Ocon e Pascal Wehrlein, não marcarem pontos domingo, no Circuito Yas Marina, na corrida que apontará o campeão do mundo, Nico Rosberg ou Lewis Hamilton, a dupla da Mercedes, e a Sauber terminar o campeonato em décimo, receberá da Formula One Management (FOM) cerca de US$ 40 milhões (R$ 140 milhões) ao longo de 2017, ou 40% do seu orçamento.

AO VIVO: Assista ao Programa Voando Baixo, nesta sexta-feira, às 14h00

 

O GloboEsporte.com entrevistou, com exclusividade, a diretora da Sauber, Monisha Kaltenborn, a principal responsável pela definição dos pilotos da escuderia suíça. Ela respondeu todas as questões, como a importância do resultado de Nasr no GP do Brasil para sua permanência no time, e possivelmente na F1, e a respeito do impacto da redução significativa da verba de patrocínio do Banco do Brasil nas chances de Nasr ganhar mais um ano de contrato.

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No fim do texto há uma análise opinativa sobre as declarações de Monisha, o que se pode compreender das suas explicações. Vale lembrar que o que está em jogo é a permanência do Brasil na F1. Desde a estreia de Emerson Fittipaldi, no GP da Grã-Bretanha de 1970, em Brands Hatch, o país sempre teve ao menos um representante na F1. Em 2017 pode não ter nenhum.

Nesta sexta-feira, Nasr e seu companheiro, Marcus Ericsson, já confirmado para o ano que vem, iniciam a preparação para o GP de Abu Dhabi, nas duas sessões de treinos livres. A primeira começa às 7 horas, horário de Brasília.

CONFIRA A ENTREVISTA EXCLUSIVA



GloboEsporte.com: Monisha, boa parte dos brasileiros que gostam de F1 desejaria te fazer esta pergunta, a de qual a situação de Felipe Nasr na equipe que você administra? Seu contrato pode ser renovado?

Monisha Kaltenborn: Como eu disse antes, estamos avaliando as opções que temos e não decidimos ainda, portanto não podemos anunciar nada. Felipe, obviamente, é uma dessas opções, é nosso piloto, nós o conhecemos muito bem. Posso entender tanto interesse em conhecer seu futuro, mas há tanta pressão sobre ele… temos de tentar protegê-lo. Ele teve grande performance na última corrida, vem de uma temporada difícil, na realidade o time todo enfrentou dificuldades. Dá para entender, é uma nação que deseja saber o que acontecerá com ele, uma nação com muita história na F1, de gente apaixonada pelo esporte, o que é fantástico. Mas, por favor, tenha em mente que é um homem bem jovem e há imensa pressão sobre ele, não é fácil. Estamos conversando, é o que posso dizer.

Qual o impacto da redução do patrocínio do Banco do Brasil nas negociações?

Já fomos informados. É um fator que estamos considerando na avaliação dos candidatos.

"FelipeFelipe Nasr e Monisha Kaltenborn durante a temporada 2016 (Foto: Getty Images)

 

Qual o peso dessa redução no valor do investimento do Banco do Brasil nas chances de você renovar com Nasr?



Somos sempre muito abertos ao expor nossos planos, como agora, para os próximos três anos. Nós queremos dar um passo adiante. E para isso precisamos dispor de um orçamento maior, sem isso não é possível. Veja o exemplo deste ano. Não pudemos avançar por falta de recursos. Para um time privado, hoje, como o nosso, dispor de um melhor orçamento é muito importante para a evolução e você tem de considerar essa questão na hora de definir os pilotos. Você tem de estudar o que está a sua disposição (dentre os candidatos), pensando globalmente no que você precisa para dar o passo adiante que eu disse. Esse salto não depende apenas da competência dos engenheiros, mas de ter recursos para investir e permitir que esses engenheiros trabalhem.

O novo proprietário da Sauber, o grupo de investimento suíço Longbow, não interfere na escolha, ao preferir, por exemplo, um piloto com maior capacidade de somar pontos a outro que dispõe melhor verba de patrocínio, mas é menos talentoso?

Esse fato novo não mudou a forma de escolhermos os pilotos, somos uma empresa suíça normal, com um board de diretores que toma as decisões mais importantes, como antes. Há pessoas novas no board, eu continuo lá, há o senhor Pascal Picci (presidente da Longbow), mas é o mesmo mecanismo de antes. Discutimos tendo em mente qual o nosso objetivo, o que precisamos para atingi-los e o que cada piloto dispõe para tornar tudo isso realidade.

Terminar em nono o GP do Brasil, quase garantindo a Sauber os US$ 40 milhões do décimo lugar entre os construtores, aproximou Nasr da renovação do contrato?

Sabemos que Felipe é muito bom piloto, nós o conhecemos desde o ano passado, não marcou pontos em outras corridas por várias razões, não apenas a habilidade do piloto. Sabemos o carro que temos, não é o carro que gostaríamos de dispor para começar o ano. Não podemos reduzir o que Felipe fez em Interlagos, temos consciência de que se trata de um piloto de grande talento, não questionamos. Mas de novo lembro a necessidade de na hora de escolher o piloto você ter de ver o quadro por inteiro, estamos falando de uma equipe onde trabalham 350 profissionais, precisamos assegurar o pagamento de todos, o desenvolvimento do carro e atrair novos investidores, nossos planos são de avançar para o bloco intermediário do grid.

"MonishaMonisha Kaltenborn diz que a equipe percebe a pressão em cima do brasileiro (Foto: Getty Images)

A lista de candidatos à vaga de companheiro de Marcus Ericsson é longa? Sabemos das conversas com Pascal Wehrlein, Esteban Gutierrez…

Não vou entrar nesse mérito, nomes. A lista não é longa. Precisamos nos concentrar neste GP. O time, em especial nossos pilotos, têm de estar focalizados na corrida, ela é muito importante para nós. Imagina se por alguma razão maluca nós perdermos a posição que atingimos no campeonato de construtores? Vamos deixar Felipe e Marcus trabalharem. 

Se Nasr permanecer na Sauber pensa em mudar algo na forma como ele e seu staff se relacionam com a equipe?

As mudanças serão orientadas pensando no modo de o time operar globalmente e não no que os pilotos gostam de dispor. Sabemos que cada piloto tem suas preferências, seu grupo de apoio. Nós vamos expandir nossa forma de atuação em certas áreas, necessária para dar o passo para a frente, mas o grupo de apoio de cada piloto é decisão deles. Eles são diferentes nesse aspecto, é uma questão individual. Robert Kubica estava sempre sozinho, ou com seu empresário, no máximo. Já para Felipe Massa, a família tem grande importância, como para Esteban Gutierrez e Sérgio Perez também a família tem papel importante para eles se sentirem à vontade. O piloto tem de se sentir confortável e a equipe se adaptar a seu modo de ele operar. Cabe a nós estabelecer algumas diretrizes nessa relação e cuidar que sejam respeitadas.

Peter Sauber não gostava da festa que o pai de Sérgio Perez fazia a cada conquista e interveio, impedindo-o de estar toda hora no motorhome da equipe.

(Risos) Vivemos uma grande temporada em 2012, emocionante para todos na equipe. Os mexicanos não tinham um piloto na F1 há muito tempo, a nação ficou maluca, assim como a família. É algo que temos de aceitar e quando há excessos chamá-los e dizer para reduzir um pouco o volume da festa. Cada piloto reage de forma diferente. (Em 2012 a Sauber disputou um dos seus melhores campeonatos, com três pódios de Perez e um do companheiro, Kamui Kobayashi.)

A equipe teve alguns desgastes na relação com o staff de Nasr, como foi?

Não temos reclamações. Precisamos, sim, fazer alguns ajustes. Nossos objetivos são os mesmos, formamos um único time. Vamos nos conhecendo e nos adaptando uns aos outros, aprendendo a conviver juntos. Há momentos em que esclarecemos algo nessa relação, em outros celebramos uma conquista, questão de nos adaptarmos.

"FelipeFelipe Nasr fez grande corrida em Interlagos (Foto: Getty Images)





Quando acredita que vocês definirão o companheiro de Ericsson?

Nosso plano era anunciar antes de o campeonato acabar, mas não será possível. Queremos que seja o mais rápido possível. Facilitaria nosso negócio em tudo. Se for em uma semana, ótimo. É como eu falei, não é sentar e tomar uma decisão, muitos fatores são levados em conta e certas coisas precisam acontecer para decidirmos. 

OPINIÃO DE LIVIO ORICCHIO



A conversa com Monisha não deixa dúvida, ao menos pelo que declarou: dispor de importante verba de patrocínio é um fator que está sendo levado muito em conta na análise dos candidatos a pilotar para a Sauber. A equipe planeja sair das últimas colocações no grid para ascender ao pelotão intermediário e, para isso, segundo explicou com todas as letras, precisará de dinheiro.

E como o patrocínio de Nasr foi reduzido de US$ 15 milhões para US$ 5 milhões, e há candidatos com três vezes esse valor, como Esteban Gutierrez, com apoio da Telmex, as chances de o brasiliense de 24 anos ganhar mais um ano de contrato são pequenas. Se Monisha for coerente com seu discurso de dispor de um orçamento maior em 2017. O próprio alemão Pascal Wehrlein, hoje na Manor, conta com investimento maior de Nasr, apesar de não ser muito superior. 

"FelipeFelipe Nasr tem futuro incerto (Foto: Getty Images)

O interessante nessa história é que na entrevista que Nasr concedeu ao GloboEsporte.com em Abu Dhabi, na quinta-feira, afirmou que a redução no valor do investimento do Banco do Brasil não estava sendo decisiva nas negociações de seu empresário, o inglês Steve Robertson, com Monisha. Há, portanto, uma incoerência, de uma ou outra parte.

A impressão que Monisha passou é que fosse possível considerar apenas a capacidade do piloto, sem levar em conta o que ele pode agregar ao orçamento da Sauber, Nasr permaneceria lá inquestionavelmente. Mas a necessidade de ela garantir o pagamento dos 350 funcionários, o desenvolvimento do carro e demonstrar a estabilidade necessária para atrais novos investidores a obriga a privilegiar quem dispõe de verbas de patrocínio mais altas, principalmente. Claro, mostrando pelo menos predicados mínimos de piloto.

Como mencionado, pelo que Monisha deu a entender Nasr não seria o escolhido. Mas na F1 há mudanças que muitas vezes as razões não ficam claras e as decisões surpreendem a todos, como será o caso se a Sauber anunciar a renovação do compromisso com Nasr. Pode acontecer, também, de um fator novo surgir nas conversas, como o acordo com um patrocínio de última hora.

O fato de não ter definido o outro piloto sugere que Monisha aguarda exatamente isso, o desfecho de alguma negociação de um ou mais candidatos com investidores em potencial, a fim de ter um quadro claro do que cada um dispõe de verdade. Se Nasr não for o escolhido será uma pena e mais uma evidência de que na F1, nos últimos anos, em especial, a competência conta muito menos que o dinheiro.

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