2014-07-03 09:04:00
O maior evento esportivo do ano, e que desta vez está sendo realizado no Brasil, mexeu com a rotina dos nossos estudantes; e não estamos falando apenas das alterações em horários e dias letivos ou das pautas mais recorrentes nas conversas da hora do intervalo.
Mas o que a Copa do Mundo tem a ver com a escola? Tudo! Com um pouco de criatividade e percepção, o tema serve de objeto de estudos para as mais distintas áreas do conhecimento.
Copa das possibilidades
Muitos professores se oportunizaram do frisson e do sentimento nacionalista que naturalmente se instala no país em período de copa para passar aos seus alunos alguns dos valores relacionados ao senso de patriotismo.
Em 2014 algumas escolas amambaienses foram muito além de práticas comuns como a introdução do canto do Hino Nacional, ou das decorações verde-amarelas dos pátios e cadernos, todas coisas muito vistas nesta época. Nossa ‘Pátria de Chuteiras’ parece ser mais amada durante o tempo em que dura a Copa do Mundo, e é bem verdade que toda a exposição observada num momento como este funciona como estímulo para que alguns conteúdos sejam melhor fixados.
Não restam dúvidas de que viver um momento histórico, emancipando-se como parte do seu processo pode abrir as mentes e contribuir para o desenvolvimento de um ser social plenamente envolvido pelo contexto ao qual está inserido, ou seja, uma coisa é ler ou assistir algo na TV sobre a copa, e outra coisa bem diferente é tomar parte de atividades inerentes a ela. Isso se aplica a qualquer outro acontecimento.
Potencializando o aprendizado
De olho em todo o universo de informações que cerca o evento Copa do Mundo de Futebol e colocando-o em contraste com a realidade de qualquer escola regular, com suas rotinas e disciplinas, a equipe pedagógica do Colégio CELQ, em Amambai, também elaborou sua proposta de trabalho no qual visava a preparação dos seus alunos para absorverem o máximo do seu gigantesco painel cultural.
Uma das coordenadoras da Escola, a pedagoga Vivian Tobias, explica que desde o início do ano havia uma programação voltada para o evento que agora acontece. “Tentamos estabelecer uma metodologia que envolvesse nossos conteúdos, mas com foco no evento esportivo. Por se tratar de um campeonato mundial que promove o encontro de várias culturas diferentes, foi relativamente fácil enumerar atividades que contemplassem nossa programação”, explica Vivian.
Segundo a coordenadora, os próprios professores elaboraram seus projetos de acordo com o que pretendiam trabalhar. Por exemplo, nas aulas de geografia os alunos pesquisavam sobre as características de cada país participante da copa e compartilhavam seus aprendizados com os colegas. Na aula de matemática foram pesquisadas estatísticas sobre outras edições do torneio e assim sucessivamente. Até os levantes de manifestações contrárias à realização da Copa no Brasil serviram de objeto de pesquisa para as aulas de sociologia e filosofia.
Festa e torcida
Como toda festa sugere, e assim como aconteceu na maioria das escolas Brasil afora, os alunos do Colégio CELQ também decoraram a escola e criaram a atmosfera vivida por todo brasileiro que ama seu país e que aprendeu desde muito cedo o valor de sua seleção de futebol. Nos dias de jogos do Brasil eles são liberados do uso de uniformes para se vestirem com as cores da nossa bandeira. Vivian relata que os alunos do terceiro ano do ensino médio ficaram responsáveis pela decoração da escola e também colocaram em prática seus conhecimentos servindo como monitores nas atividades desenvolvidas pelas demais turmas. Ela acrescenta que esta experiência foi bastante valiosa para eles, que sentiriam na pele o quanto poderia ser satisfatório assumir responsabilidades das quais dependiam seus colegas mais jovens.
Lições e vitórias
A Copa do Mundo ainda está a pleno vapor, com os times dando o máximo de si em disputadíssimas partidas para alcançarem suas vitórias; mas, independentemente da nação que se sagrar campeã, o fato é que para crianças e jovens que aproveitaram esta oportunidade para aprender mais e verdadeiramente vivenciam este momento de confraternização global, mesmo que não tenham estado presentes aos jogos nos luxuosos estádios especialmente construídos para o evento, já ficaram lições que só podem ser qualificadas como grandes vitórias em suas vidas.
Quanto às questões ideológicas que se confundem com as verdadeiras intenções de cada um, seja referente a este ou a qualquer outro evento humano na terra; é seguro afirmar que o olhar com que se observa um determinado objeto tem o incrível poder de transformá-lo e ao seu caráter. Quem acha que a Copa é apenas uma desculpa para esconder graves problemas, desviar dinheiro público e enganar a população pode estar se privando de belos momentos de confraternização e alegria. Da mesma forma, aquele que acha que tudo é festa e que não cabe a ele questionar ou exigir respeito, se engana ao encontrar motivos para sorrir mesmo quando lesado e ludibriado.
Aí entra o papel da educação, sabiamente utilizado no exemplo desta reportagem para criar cidadãos bem informados e com visão crítica acerca dos acontecimentos, sem exageros e extremismos, para que não se repita a vergonhosa busca por direitos através da violência e do vandalismo, fato que torna os autodenominados prejudicados, meros prejudicadores.
