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terça-feira, 23 de abril de 2024

Para professores, progressão contribui para violência

2007-07-08 19:29:37

A progressão continuada contribui para a violência nas escolas para 76% dos docentes entrevistados em uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). O estudo sobre violência, feito sob coordenação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), foi concluído na semana passada.

“O aluno não quer nem saber. Foi tirada a responsabilidade dele, que era importante. O estudante está aprovado, não precisa de responsabilidade nenhuma. Isso provoca indisciplina dentro da sala. E, da indisciplina, nasce a violência”, acredita o professor Carlos Ramiro de Castro, presidente da Apeoesp.

A pesquisa ouviu 684 professores do ensino público que participaram do XXI Congresso da Apeoesp, realizado em dezembro de 2006. O regime de progressão continuada – em que as avaliações eram feitas em ciclos, inicialmente de quatro anos – é utilizado no estado de São Paulo no ensino fundamental.

O site G1 procurou a Secretaria Estadual da Educação e foi informado que a responsável pela pasta, Maria Lúcia Vasconcelos, está fora do país. De acordo com a secretaria, apenas Maria Lúcia pode falar sobre a progressão continuada. 

A secretaria afirmou, no entanto, que a atual gestão irá diminuir o ciclo da progressão continuada de quatro para dois anos. O objetivo é “diagnosticar cada vez mais cedo as deficiências dos alunos”. Segundo a secretaria, a 2ª série começa a ser avaliada neste ano e, a partir de 2008, a 6ª série será incluída na progressão. 

A Apeoesp afirma que não é a favor da repetência, mas de um ensino que permita aprovar os alunos sem a necessidade do que chamam de “aprovação automática”. “Nós não podemos voltar à repetência. Temos de dar as condições de uma educação de qualidade para que os alunos sejam aprovados”, disse Castro. Para ele, a redução do ciclo não irá solucionar o problema. “Não resolve nada.” 

Um fator que os professores acreditam que contribui ainda mais do que a progressão continuada para o aumento da violência é a superlotação das salas de aula _na pesquisa da Apeoesp, o problema foi citado por 77,3% dos entrevistados. Também foram mencionados demissão de funcionários (38,1%) e fechamento de salas de aula (33,2%). 

Violência nas escolas – A pesquisa fez um diagnóstico da percepção da violência dos professores. Pelo levantamento, 86,8% dos entrevistados disseram ter tido conhecimento de casos nas instituições de ensino em 2006. Agressões verbais foram as mais comuns, observadas por 95,9% dos professores, seguido de atos de vandalismo (88,5%) e agressões físicas (82,2%).  

“O que mais nos preocupa são as agressões mesmo, tanto físicas quanto verbais. O profissional está ali trabalhando, se dedicando, e ser agredido? É um total desrespeito”, acredita o presidente da Apeoesp. Recentemente, alguns casos de agressões a professores e funcionários ocorreram em escolas do estado. 

O mais recente aconteceu terça-feira (3) em Dracena, a 647 km de São Paulo. A servente Nair Silva Alves, de 67 anos, teve dois braços quebrados e ferimentos em um dos olhosao ser pisoteada por estudantes de 5ª a 8ª séries de uma escola estadual. A polícia já ouviuestudantes para tentar identificar os responsáveis.

Em Suzano, na Grande São Paulo, uma professora de 26 anos levou socos no rosto e no pescoço. O agressor foi um adolescente de 15 anos, que é um de seus alunos.O caso aconteceu em 18 de junho e deixou o olho da professora roxo. O estudante cursava a 8ª série do ensino fundamental em uma escola pública. 

Em São José do Rio Preto, a 440 km de São Paulo, um aluno de 14 anos colocou fogo no cabelo de uma professora, dentro da sala de aula. Uma educadora de São Bernardo do Campo, no ABC, teve parte do dedo decepado por um aluno de 10 anos em 27 de junho.

A Secretaria da Educação afirma que “não há uma situação de violência generalizada nas escolas”, apesar dos recentes casos. De acordo com dados das ocorrências registradas na secretaria, os casos de agressão a professores caíram de 351 em 2003 para 217 em 2006. 

O levantamento mostra que as agressões a professores em 2006 atingiram 0,1% do total de docentes no estado, que é de 230 mil profissionais. Ainda de acordo com a secretaria, a maior parte dos casos (88%) ocorre entre alunos. Em 2006, foram registradas 2.692 agressões a estudantes nas 5.400 escolas do estado. Em relação a funcionários, houve 156 agressões registradas em 2006.

O governo estadual afirmou que, por causa do tamanho da rede de ensino, “podem existir ocorrências lamentáveis e traumáticas”. A secretaria afirma estar preocupada com elas e diz que ter profissionais preparados para darem “o encaminhamento adequado a cada ocorrência”. 

Opinião dos professores– A pesquisa da Apeoesp mostra que 42% dos professores entrevistados já presenciaram “várias vezes” ocorrências de tráfico e consumo de drogas nas escolas. Além disso, 30,9% afirmam já ter sofrido roubo ou furto dentro dos locais de trabalho.

Os principais autores da violência são os alunos, segundo 93% dos professores, seguido de desconhecidos (31,6%) e pais ou responsáveis pelos estudantes (25,2%). Apesar disso, a pesquisa aponta que os professores têm uma boa relação com os estudantes em 54,8% dos casos, contra 0,5% que declara uma péssima relação.

Em casos de violência, 58,6% dos profissionais dizem que procuraram os pais para conversarem e 57,4% registraram boletins de ocorrência na polícia. 62,9% afirmam que não registraram o caso na polícia – como agressões – por “medo de vingança”.




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