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quinta-feira, 28 de março de 2024

Amambai:Hospital Santa Joana encerra suas atividades

2008-02-02 12:37:00


Suzana Machado

Há alguns anos, o jovem Teodoro Lopes Diniz, recém-formado em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco, campus de Recife, chegava a Amambai. “Na época que me formei havia uma dificuldade para os profissionais da área da saúde com relação a arrumar emprego no Nordeste, o que resultou na migração de vários profissionais para o Paraná e Mato Grosso do Sul”, conta Diniz.

No ano de 1980, em Amambai, o médico fundou o Hospital e Maternidade Santa Joana, que foi pioneiro no atendimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), na época INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social). “No início o hospital funcionava onde hoje é o  Hotel Amambai; algum tempo depois nos mudamos para onde se localiza o prédio atualmente, com uma estrutura maior e melhor.”

A contribuição do Santa Joana no processo de evolução na área da saúde para o município foi de total relevância. “Por pelo menos mais de cinco anos, somente o Santa Joana ficou atendendo pelo SUS em Amambai. Depois que foram firmados convênios públicos com o Hospital Regional e o Divina Providência para atender à população.”

Com 27 anos de funcionamento, o Hospital encerrou suas atividades em novembro de 2007.

Com 36 anos de profissão e 63 de idade, o experiente médico afirma que já há alguns anos vinha trabalhando a idéia de vender o hospital. “Manter um hospital particular com aquela estrutura não é fácil, ainda mais quando o atendimento pelo SUS acaba sendo inviável em termos financeiros.”

O SUS possui uma tabela que define os preços dos serviços prestados pelos hospitais conveniados ao sistema. O último reajuste feito foi no final do ano passado. “De acordo com o último reajuste, o médico recebia, atendendo pelo SUS, o valor de R$ 2,04 por consulta”, acrescenta o médico.

Para a classe médica a tabela deixa muito a desejar. Em setembro do ano passado o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, prometeu reajuste na tabela em 2008. Porém no início do ano, depois de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Temporão afirmou que terão que se debruçar em cima dos números para resolver a situação e que por enquanto o reajuste está descartado.

Muitos hospitais vêm encerrando suas atividades no país devido às dificuldades de se manter a estrutura funcionando e também é grande o número de instituições privadas que deixam de atender pelo SUS.

No caso do Santa Joana, essa situação também influenciou no fechamento do hospital. “Mesmo se continuássemos com o hospital, iríamos sair do SUS; os valores oferecidos pelo sistema são bem abaixo do que seria ideal para manter um bom atendimento. E uma das exigências é que, quando a instituição atende pelo SUS, ela funcione 24h”, ressalta Diniz.

A idéia de fechar o hospital foi compartilhada com o sócio, Euclides Novaes Diniz Carvalho, também médico, que estava havia 17 anos no hospital. “O Euclides também manifestou a vontade de vendermos o prédio. E depois de analisarmos todas as questões resolvemos parar com as atividades no Santa Joana”, diz o médico.

Segundo Diniz, o fato do hospital ter que funcionar 24h exigia a contratação de mais funcionários, o que automaticamente implica na necessidade de mais recursos. “E nós também estávamos nos sentindo sobrecarregados com tantas responsabilidades. Pelo tamanho do local, as opções de ocupação não seriam muitas, por isso me senti bem com o fato de o hospital passar a atender a população indígena.”

Demanda para o Regional –  Com o fechamento do Santa Joana, somente o Hospital Regional passa a atender a população pelo SUS. “Haverá um aumento na demanda, mas todo o recurso do SUS irá para o hospital também”, diz o médico.

Segundo Diniz, nesses 27 anos de trabalho com o hospital, ele pôde notar um avanço no setor da saúde, mas muitas coisas ainda têm que ser melhoradas na área. “Amambai evoluiu muito, mas acredito que mais investimentos ainda têm que ser feitos na área da saúde pública, principalmente.”

O atendimento público na área da saúde, no cenário nacional, ainda possui várias falhas. O processo inverso, hospitais fechando, ao invés de novos investimentos serem feitos, é uma prova de de que as autoridades responsáveis devem tomar atitudes pertinentes para que a população possa ter um atendimento de melhor qualidade e facilidade de acesso.

Atendimento ao indígena – O prédio do antigo Hospital foi alugado pela Funasa (Fundação Nacional do Índio) e Prefeitura Municipal e vai concentrar os órgãos presentes no município que prestam atendimento ao povo indígena. São eles: A Casa Dia, onde as crianças indígenas em situação de desnutrição receberão assistência; a Casai (Casa de Saúde Indígena) e o pólo administrativo da Funasa.

De acordo com Nelson Carmelo Olazar, chefe do Distrito Sanitário Especial Indígena, o espaço vai unificar o atendimento ao índio, o que, conseqüentemente, acarretará na melhora no atendimento aos mesmos.

“Na visão da gerência, essa será a melhor estrutura da Funasa no estado. O prédio já nos oferece uma estrutura adequada. Essa é uma parceria entre Funasa, Município, Missão e Viva a Vida”, acrescenta Nelson.

Ao todo são 146 profissionais da saúde que irão atender no local.

Segundo Nelson, os órgãos já funcionavam no município, mas de maneira precária. “Cerca de 20% da população em Amambai é formada por índios e temos que oferecer um bom atendimento a essa comunidade.” Inauguração oficial será em fevereiro.

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