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quinta-feira, 25 de abril de 2024

Amambai 70 anos:Histórias que se conectam e prosperam

2018-09-27 14:39:00

Raquel Fernandes

O ano é de 1948. Dona Bernardina Arruda Siqueira está grávida de 9 meses, prestes a receber a sua filha Silvarina José Siqueira. Nascida no dia 2 de janeiro, de parto normal, na casa de seus pais, Silvarina vem ao mundo para iniciar sua história na cidade de Amambai.

Em setembro deste mesmo ano, Silvarina, mesmo sem saber, com apenas 8 meses e 26 dias de vida, participou de um momento histórico que representava uma grande vitória para o povo que vivia na região.

Hoje com 70 anos, Silvarina comemora a sua vida e de sua cidade, que nas palavras dela, não trocaria por nenhuma outra. Em Amambai, Silvarina constituiu sua família, criou seus sete filhos e um vínculo de amor pela terra que faz parte de sua história de vida. Ela acompanhou todo o desenvolvimento das mais diversas áreas. Viveu na época que não havia telefone, televisão e nem acesso aos meios de transporte. Casada com o senhor Floriano Benites, que já trabalhou no comércio e na Prefeitura de Amambai, ela relembra que eles andavam a pé por toda a cidade. “Até nos bailes, nós íamos daqui da região do centro até a Vila Limeira a pé. Era gostoso, tempo bom era aquele. Hoje a gente não vê ninguém mais fazendo isso. Quando queríamos falar com alguém, tínhamos que ir até essa pessoa”, conta.

Com relação ao desenvolvimento de tecnologias para a comunicação, Silvarina comenta que não só acompanhou como foi se adaptando. Hoje ela utiliza o aplicativo whatsapp todos os dias para falar com dois de seus filhos que moram no Mato Grosso. “O bom disso é que aproxima a gente e sempre sabemos como eles estão. Por outro lado, aqui, a nossa juventude de hoje, conversa muito pouco pessoalmente, visita muito pouco os outros e fica muito tempo no celular”, comenta Silvarina.

Filha de Dona Bernardina, que hoje tem 101 anos de vida, a amambaiense se orgulha de ter nascido em um ano tão especial e de poder ter a sua mãe com vida e lúcida.

Com alegria, orgulho de quem é grata pela vida, Dona Bernardina também contou à reportagem do Jornal A Gazeta sobre a sua origem. Seu pai veio do Rio Grande do Sul, solteiro, de carreta, para Amambai, que na época ainda era considerada distrito de Ponta Porã. Ele buscava áreas para o desenvolvimento da agricultura e criação de gado. Foi aqui nesta terra que também conheceu a sua esposa (mãe de Dona Bernardina).

Era preciso muita coragem e determinação para enfrentar essa longa jornada do Sul do País até o Centro Oeste. Bernardina foi criada por pais que tinham essas qualidades de sobra e o resultado não poderia ser diferente. Quem a conhece sabe o quanto ela é uma mulher guerreira. Sempre trabalhou no campo, seja na produção de queijos, leite, pães, bolos, doces e salgados, ou auxiliando o marido na lavoura, cultivando, colhendo ou plantando. Passaram por momentos difíceis, chegaram a perder toda a plantação de arroz por conta das pragas, mas nunca perderam a fé e a vontade de vencer os desafios. Em 1991, seu marido faleceu e ela ficou sem seu companheiro. Desde então não teve outro marido.

E para falar um pouco da coragem que Dona Bernardina herdou do seu pai, ela nos presenteou com uma história interessante: “Eu trabalha por tudo que era terra e corria vários riscos também. Certa vez, eu falei para o meu marido para fazermos uma roça no meio de uma mata fechada. Fomos bem cedinho, eu e a minha filha Silvarina, carpir o local para abrir o mato. Começamos a ouvir um barulho de algo que estava andando em volta da mata em que estávamos. Era uma onça. Nós continuamos o nosso serviço, sempre com fé de que nada de ruim aconteceria. Aquele bicho ficou o tempo todo rodeando a mata que nós estávamos e nós seguimos carpindo. Terminamos o nosso serviço, e fomos devagar até os cavalos, montamos e fomos para casa. Era para nós continuarmos à tarde, mas daí decidimos nem voltar, para não correr mais riscos”.

Essa é uma das várias histórias que Dona Bernardina conta com orgulho e um sorriso no rosto. “ Nunca tive medo de nada e sempre confiei em Deus”, ressalta.

Dos 10 filhos de Bernardina, oito ainda estão vivos, entre elas a Dona Silvarina, que ao longo dos seus 70 anos, construiu uma base sólida e prospera para se viver. A história de vida dessas duas mulheres retrata a força de muitas que fizeram e fazem história em Amambai e que em suas lutas diárias contribuem para o desenvolvimento de sua gente.

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