2007-10-14 20:48:00
Vilson Nascimento
Líderes indígenas guarani-kaiowá e guarani-ñhandeva representando 22 aldeias da região de fronteira com o Paraguai, no sul do Estado, terão uma audiência nesta segunda-feira (15) em Campo Grande com o Governador do Estado André Puccinelli e o Senador da República Delcídio do Amaral para discutir o retorno da Administração Regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) para Amambai.
A AR do município foi extinta em maio desse ano pela Finai de Brasília que criou a “Administração Regional para o Conesul” na cidade de Dourados, fator que deixou praticamente abandonado cerca de 20 mil índios de 22 aldeias da região de fronteira.
Amambai sofre com o problema- Amambai, que conta com três aldeias e uma população indígena estimada em mais de 8 mil índios guarani-kaiowá é um dos municípios mais prejudicados com a falta de atuação da Funai.
Além dos graves problemas sociais existentes dentro das aldeias como a desnutrição infantil, o alcoolismo e a entrada desenfreada de entorpecentes como a maconha e o crack entre outras drogas lícitas e ilícitas, o que gera violência e sobrecarrega o sistema de saúde do município, sobretudo os setores de emergência e internação do Hospital Regional local, a população da cidade perece com os freqüentes furtos praticados por crianças e adolescentes indígenas e com os pedidos de esmolas por parte de famílias inteiras, muitas vezes com crianças pequenas que passam de casa em casa na cidade pedindo desde comida até roupas e outros tipos esmolas.
Outro problema gerado por conta da inoperância da Funai que já existia antes, mas se agravou mais ainda com a mudança da Administração Regional para Dourados, é a grande quantidade de indígenas embriagados circulando pela região central da cidade em Amambai.
A Praça Coronel Valêncio de Brum, situada no coração da cidade que antes era um ponto de encontro da população, onde se podiam levar os filhos para brincar no parquinho, hoje se tornou um problema grave.
É comum para quem passa pelo local se deparar com indígenas embriagados, inclusive com crianças de colo, muitos deles inclusive sob o efeito de outros tipos de entorpecentes caídos pelo chão, deitados nos bancos ou mexendo com as pessoas que passam pelo local, tornando o ambiente impróprio para a permanência de adultos, quanto mais de crianças.
Segundo o capitão da Aldeia Amambai Rodolfo Ricarte, que fará parte da comitiva que se reunirá com o Governador do Estado e com o Senador Delcídio nesta segunda-feira, todos esses problemas serão expostos com o objetivo de reaver a Administração Regional do órgão federal para o município e tentar, através de um trabalho de assistência e acompanhamento, amenizar o caos que a população indígena vive hoje em Amambai e toda a região.