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Juros do cheque especial superam 200% ao ano

2015-01-31 19:27:00

Sérgio Santos

Em tempos recessivos e de elevação de tributos, ele continua no topo dos vilões do mercado: o cheque especial. Segundo o Banco Central, os juros atingiram a marca de 200,6% no ano passado. A taxa atingiu o maior patamar em quase dezesseis anos (em fevereirode 1999, ficou em 204,3% ao ano).Na comparação com 2013, o crescimento foi de 52,7 pontos percentuais.

“Eliminar todos os gastos supérfluos é a única solução para quem está devendo no cheque especial. O negócio é quitar a dívida e fugir dos juros”, sugere a consultora financeira Amira Regina Soares.“Em muitos casos, é cabível cortar alguns passeios e procurar reduzir inclusive os gastos essenciais, como o consumo de luz e água”, complementa.

Recorrer a empréstimos para quitar a dívida também não é recomendável. “Muita gente acaba acumulando duas dívidas. Reduzir o consumo é o mais indicado”, diz.“Esta é uma linha de crédito para momentos de necessidade e deve ser utilizada por um período reduzido de tempo. Junto com o cartão de crédito rotativo (quando o cliente não paga toda a fatura), o cheque especial tem as maiores taxas de juros do mercado”, explica.

Especialistas costumam comparar o uso do cheque especial a uma doença crônica – como diabetes -, em que as pessoas só percebem que não estão bem quando a situação já é grave.

Apesar da alta dos juros bancários nas operações com cheque especial, o Banco Central tem observado que o volume delas não é representativo quando se compara com o estoque total das operações de crédito. De acordo com a instituição, representam menos de 5% de todas as operações em mercado.

“Passei alguns apuros antes de aprender”, revela a funcionária pública Carla Siqueira. “Nos últimos anos, a oferta de crédito aumentou muito. No meu caso, a facilidade do desconto em folha de pagamento e a instituição sempre oferecendo o cheque especial. Não resisti, com empréstimo e uso do especial me endividei, não paguei algumas parcelas e acabei ‘seprocada’. Só recentemente limpei o nome. Não penso em voltar a usar o cheque especial”, ressalta.

Má impressão

O contexto brasileiro causa má impressão até no exterior. Reportagem publicada no mês passado pelo jornal norte-americano “The New York Times” diz que os juros praticados em algumas linhas de crédito no Brasil “fariam um agiota americano sentir vergonha”, citando os dos cartões de crédito em mais de 240% ao ano e de 100% cobrados pelos empréstimos bancários, além – claro -, dos juros do cheque especial.

Cartão de crédito

Segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), a taxa de juros cobrada pelos cartões de crédito atingiu, em dezembro, a maior taxa desde 1999. Os juros são cobrados quando as pessoas não pagam toda a fatura. De acordo com o levantamento, os juros da modalidade subiram pelo segundo mês seguido, e alcançaram uma média de 258,26% ao ano em dezembro do ano passado. Com uma taxa dessas, uma dívida de R$ 100 no cartão chega, após 12 meses, a R$ 358,26. O Banco Central não calcula a taxa de juros das operações com cartão de crédito.

Consignado, crédito pessoal e veículos

No caso das operações de crédito pessoal para pessoas físicas (sem contar o consignado), de acordo com o Banco Central, a taxa média cobrada pelos bancos somou 102% ao ano em dezembro do ano passado, contra 103,7% ao ano em novembro. No acumulado de 2014, essa taxa avançou 15,9 pontos percentuais, uma vez que estava em 86,1% ao ano no fechamento de 2013.

Ainda segundo a autoridade monetária, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações do crédito consignado (com desconto em folha de pagamento) somou 25,9% ao ano em dezembro, em comparação com 25,7% ao ano em novembro. Essa é uma das linhas de crédito com menor taxa de juros do mercado. Em todo ano passado, a taxa avançou 1,5 ponto percentual, pois estava em 24,4% ao ano em dezembro de 2013. Com isso, subiu abaixo da média de 5,4 pontos de todas as operações de crédito para pessoas físicas em 2014.

Segundo o BC, a taxa média de juros para aquisição de veículos por pessoas físicas, por sua vez, somou 22,3% ao ano em dezembro, contra 22,7% ao ano em novembro do ano passado. Em 2014, a taxa teve alta de 1 ponto percentual, pois somava 21,3% ao ano em dezembro de 2013. Mesmo com juros relativamente baixos, informou a autoridade monetária, o crédito para veículos teve retração de 4,4% em 2014.

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